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Qual o PIOR FONE DE OUVIDO para sua AUDIÇÃO? Dr. Luciano Moreira OTORRINO

fone de ouvido surdez

Muito tem sido falado sobre os possíveis malefícios do uso do fone de ouvido, especialmente após a divulgação do Relatório Mundial da Audição pela Organização Mundial de Saúde, em 2021. Segundo a OMS, 60% dos casos de perda auditiva em crianças podem ser evitados e 1 bilhão de jovens estão sob risco de desenvolver surdez neurosensorial devido à exposição prolongada e excessiva a música alta e outros sons recreativos.

Enquanto o relatório apresenta dados importantes, a divulgação que se seguiu não pode ser considerada à altura. Nos canais de TV, jornais e mídias sociais, o foco acabou sendo o uso dos fones de ouvido, como se estes fossem os vilões. Nada mais enganoso! E assim, mais uma campanha de alerta à população perde a oportunidade de conscientizar para o que realmente interessa. Desde então, é comum recebermos no consultório pais preocupados com o uso do fone de ouvido, ou mesmo proibindo que seus filhos os utilizem.

FONE DE OUVIDO causa perda auditiva?

Vamos direto ao ponto: Fones de ouvido não causam perda auditiva. No fim das contas, independente do tipo de fone, da caixa de som ou de qualquer outra fonte de som, o que pode causar perda auditiva é o volume elevado que eles produzem e o tempo de exposição à esse barulho.

Jogar a culpa nos fones de ouvido é desviar do mais importante. Assim como muitas crianças já se habituaram ao uso de protetor solar, somente a informação continuada e repetitiva pode conscientiza-los do principal. Adultos e crianças devem entender as consequências, como a irreversibilidade de uma eventual surdez causada pela exposição sonora abusiva. O segredo é diminuir o volume!

FONE DE OUVIDO Na Prática

Os dispositivos eletrônicos não apenas fazem parte da nossa vida cotidiana: na era da realidade aumentada, eles passarão a ser parte de nós. Telas de alta resolução, óculos e fones inteligentes, relógios conectados, dispositivos médicos implantáveis, além da fusão e interconexão desses e outros dispositivos, desenham um caminho sem volta. Portanto, nenhuma medida educacional pode ser mais inócua e sem sentido do que proibir o uso de qualquer um desses dispositivos. Bem mais proveitoso é desenvolvermos formas saudáveis de usá-los e como veremos mais adiante, nos valermos deles para promoção da nossa saúde e bem estar.

Quanto ao uso dos fones de ouvido o segredo é limitar o volume e o tempo de uso.

VOLUME – Quase todos os fones de ouvido disponíveis no mercado podem entregar volumes superiores a 110dB aos nosso ouvidos. Isso é bem superior ao nível de 85dB a partir do qual nossa audição começa a estar em risco. Ao usarmos o celular com um fone, não temos como saber a partir de que nível do marcador de volume passamos dos 85dB. Algumas marcas de celular, como a Samsung, exibem notificações de alerta quando se passa do ponto seguro. Na prática, considera-se seguro o volume que não exceda 50% do marcador. Mas, como dissemos acima, precisamos contar com outra variável além do volume.

TEMPO DE USO – O tempo de exposição ao barulho excessivo é um fator primordial no risco de se lesar a audição. Assim, podem ser necessárias 8 ou mais horas para se lesar os ouvidos com um volume de 85dB. Já para níveis de 130dB, menos de um minuto já pode ser o bastante. A propensão à lesão auditiva causada pelo barulho também é genética, mas está claro que quanto maior a pressão sonora (volume), menor o tempo necessário para o início da surdez. Portanto, a segunda dica prática é: Quanto menos tempo melhor.

FONE DE OUVIDO: qual o melhor e o pior?

Com o principal explicado acima, vamos à resposta do título deste post. Existem quatro tipos de fone de ouvido.

circumauralCircumaurais: São os maiores. Cobrem toda a orelha e se apoiam ao redor da mesma. São os que possuem a melhor qualidade de som, principalmente de graves. Ao vedarem fisicamente o pavilhão auricular do meio externo, oferecem um bloqueio físico à captura dos ruídos externos pela nossa audição, oferecendo condições para se aumentar menos o volume.

supraauricularOs Supra-auriculares: Também são grandes, mas ao invés de envolverem as orelhas, se colocam sobre as mesmas. Assim, seu bloqueio físico aos sons ambientes é pior.

auricular

Os Auriculares: São bastante comuns e se encaixam próximo a entrada do canal auditivo, sem vedá-lo. São os fones que vêm com o iPhone e vários outros modelos de smartphones. Como são rígidos, também não vedam fisicamente a entrada de som.

intraauricularOs intra-auriculares: São os menores modelos. Encaixam-se dentro do conduto auditivo e possuem olivas macias, geralmente feitas de silicone, que se adaptam à anatomia de cada um e fornecem boa vedação para os sons ambientes. Alguns estudiosos alegam que podem ser mais perigosos, por se posicionarem mais próximos à parte interna do ouvido.

Cancelamento Ativo de Ruído: O Detalhe que faz toda Diferença no fone de ouvido

Muitas empresas do ramo já fabricam fones de ouvido com cancelamento ativo de ruído (noise cancelling). Trata-se de um mecanismo capaz de anular eletronicamente ruídos externos. Inicialmente desenvolvido para cancelar o ruído dentro dos aviões, os algoritmos mais modernos vêm sendo úteis em várias outras situações de barulho elevado. Como já era de se esperar, muitos desses modelos não estão disponíveis no Brasil e seus preços são bem mais altos do que os preços daqueles que não possuem essa funcionalidade. Mas seu custo vem caindo bastante e já se pode comprar bons fones com cancelamento ativo de ruído por cerca de 100 dólares.

Essa função somada ao bloqueio físico dos sons existentes nos fones do tipo circumaural e intra-auricular são capazes de fornecer o melhor bloqueio externo de ruídos. Com um bloqueio efetivo dos sons do ambiente, o usuário é levado a aumentar menos o volume. Enfim, concluímos que os melhores modelos de fone de ouvido para quem deseja preservar a audição são os circumaurais e intra-auriculares com cancelamento ativo de ruído. E o título de piores vai para os supra-auriculares e os auriculares sem cancelamento ativo de ruído.

Usa FONE DE OUVIDO todos os dias?

Se você usa fone de ouvido durante uma boa parte do seu dia, não esqueça de fazer uma audiometria 1x por ano. Esse exame detecta qualquer sinal de perda auditiva. E, quando falamos em perdas auditivas, a precocidade no diagnóstico e no tratamento são fundamentais para o sucesso da sua reabilitação auditiva, ok?

Fone de ouvido para deficiente auditivo

Ao escolher um fone de ouvido que proteja a audição, é importante considerar os seguintes fatores:

  1. Nível de Volume: O volume é um dos fatores mais importantes para proteger a audição. É crucial escolher um fone de ouvido que permita ouvir o som em um nível seguro, geralmente abaixo de 85 decibéis (dB). É importante evitar fones de ouvido que possam atingir volumes excessivamente altos, pois isso pode causar danos à audição a longo prazo.

  2. Isolamento de Ruído: Fones de ouvido com isolamento de ruído podem ser uma boa opção, pois eles reduzem a necessidade de aumentar o volume para bloquear o ruído externo. Assim, você pode ouvir música ou outras mídias em um volume mais baixo, protegendo seus ouvidos de ruídos prejudiciais.
  3. Tipo de Fone de Ouvido: Existem diferentes tipos de fones de ouvido, como fones intra-auriculares, fones de ouvido over-ear e fones de ouvido on-ear. Fones intra-auriculares geralmente são inseridos diretamente no canal auditivo, proporcionando isolamento de ruído natural, enquanto fones over-ear e on-ear cobrem toda ou parte da orelha, proporcionando maior isolamento de ruído passivo. A escolha do tipo de fone de ouvido pode influenciar na quantidade de ruído externo que você precisa bloquear, afetando o volume necessário para uma audição confortável e segura.
  4. Conforto e Ajuste: Um bom ajuste e conforto são essenciais para proteger a audição. Fones de ouvido mal ajustados ou desconfortáveis podem levar a um uso inadequado, como aumentar o volume para compensar vazamentos de som ou ajustá-los constantemente, o que pode causar irritação e danos aos ouvidos. É importante escolher um fone de ouvido que se ajuste corretamente e seja confortável para uso prolongado, evitando pressão excessiva nos ouvidos ou no canal auditivo.
  5. Material de Construção: A qualidade do material de construção do fone de ouvido também é um fator importante. Fones de ouvido com boa construção geralmente são mais duráveis e podem resistir a uso prolongado, evitando a necessidade de substituí-los com frequência. Além disso, materiais de qualidade podem ajudar a reduzir vibrações indesejadas que podem afetar a qualidade do som e, consequentemente, levar a um aumento do volume para compensar.
  6. Tecnologia de Redução de Ruído: Alguns fones de ouvido possuem tecnologia de redução de ruído ativa, que usa microfones embutidos para capturar e cancelar ruídos externos. Essa tecnologia pode ser útil para reduzir a necessidade de aumentar o volume do som para bloquear ruídos externos, protegendo assim a audição.
  7. Tempo de Uso: O tempo de uso dos fones de ouvido também pode afetar a saúde auditiva. É importante fazer pausas regulares durante o uso prolongado dos fones de ouvido, permitindo que seus ouvidos descansem e se recuperem de possíveis efeitos negativos.

O Futuro: Fones de Ouvido para ouvir melhor.

Já escrevi antes sobre o advento dos “hearables“. Em breve os fones de ouvido estarão mais presentes do que nunca. Várias empresas já trabalham em modelos que não servem apenas para ouvir música ou assistir filmes.

Em breve, esses modelos serão usados como aparelhos de audição para os que ouvem bem, mas desejam ouvir melhor, especialmente em ambientes barulhentos como restaurantes e bares. Lutar contra a tecnologia é tolice.

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Dr. Luciano Moreira otorrino

Dr. Luciano Moreira – CRM-RJ 65192-3

Médico Otorrinolaringologista especializado em cirurgias da audição

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