Apneia do Sono em Crianças
A apneia do sono acomete 5 % das crianças e seu sintoma mais comum é o ronco frequente. Já compartilhei aqui os achados de diversos estudos relacionando o ronco e a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) em crianças; demonstrando o risco aumentado de alterações do humor, alterações cognitivas e mau desempenho escolar. Pesquisas em modelos animais já comprovaram a morte neuronal em várias áreas do córtex, secundária à hipóxia e aos micro-despertares durante o sono, típicos da apneia do sono.
O Estudo de Chicago
Dezesseis crianças que roncavam durante o sono foram selecionadas e submetidas à exames de polissonografia e ressonância nuclear magnética do crânio, além de testes neuropsicológicos para avaliação cognitiva. As imagens das ressonâncias foram comparadas com às do grupo controle: crianças que não roncavam e não apresentavam apneia do sono nos exames polissonográficos.
Ficou evidenciada uma redução importante e extensa de volume no córtex cerebral das crianças com apneia do sono (áreas demonstradas na figura), em comparação às crianças do grupo controle. A redução de substância cinzenta aconteceu nos córtices do lobo frontal, pre-frontal, parietal, temporal e algumas regiões do tronco cerebral.
Tratando a Apneia para Prevenir os Prejuízos
Apesar da correlação entre apneia do sono e a redução do volume cortical em crianças ter ficado clara, o estudo de Chicago não pode responder se os achados se devem a um atraso no desenvolvimento cerebral dessas crianças ou à atrofia cerebral secundária à apneia. De uma forma ou de outra, fica evidente a necessidade de atenção à saúde neurológica das crianças que roncam e apresentam apneia.
Estudos anteriores já comprovaram a correlação entre apneia do sono e o mal desempenho escolar, no humor das crianças e também foram capazes de demonstrar a melhora desses parâmetros após o tratamento da apneia.
Outros estudos usando a ressonância magnética já demonstraram que existe uma correlação entre o volume da substância cinzenta cerebral e o quociente de inteligencia (QI).
Os dados da publicação da Scientific Reports dessa semana, somados ao conhecimento adquirido até aqui, reforçam a necessidade de identificação e tratamento o mais rápido possível das crianças com apneia do sono. Mais do que nunca está claro que elas estão em sério risco de danos cognitivos que poderão impactar definitivamente o desenvolvimento de suas potencialidades.
Diante do quadro de uma criança que ronca, discuta com o pediatra a necessidade de envia-la ao otorrinolaringologista, já que a hipertrofia de amígdalas e adenoides é uma das principais causas da apneia.
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