Desta vez o foco do estudo foi um tipo de surdez genética, oriunda de mutações no gene TMC1. Há quase uma centena de genes implicados na surdez, o o TMC1 é responsável por algo entre 4 e 8% desses casos. Esse gene é responsável pela produção de um proteína fundamental para a conversão de sinais sonoros em estímulos elétricos dentro da cóclea. Crianças que nascem com essa mutação, podem te-la na forma recessiva, que normalmente leva a surdez profunda até os dois anos de idade, ou na forma dominante, que costuma causar uma surdez progressiva a partir dos 10-15 anos de idade.
Valendo-se de técnicas de terapia genética, o estudo foi realizados em ratos portadores da mutação citada acima. Os pesquisadores usaram um vírus adeno-associados do tipo 1 para levar o o gene saudável, junto com um “promotor”, material genético responsável por “ativar o gene” apenas quando ele chegar ao seu destino, as células ciliadas dentro da cóclea. Após o tratamento, os ratos anteriormente surdos e portadores das duas formas da mutação, recuperaram a função auditiva tanto periférica, quanto no nível cerebral.
Os pesquisadores envolvidos no projeto de pesquisa acreditam que poderão iniciar testes em humanos num horizonte de 5 a 1o anos.
Seguiremos acompanhando…
OBSERVAÇÃO MUITO IMPORTANTE: Apesar dos avanços com as células tronco e com a terapia genética nos levarem a crer que teremos a cura para alguns tipos de surdez nas próximas décadas, alguém que sofra com a surdez agora não deve nem pensar em não se submeter aos tratamentos disponíveis atualmente, como implantes cocleares e aparelhos auditivos, por 3 motivos claros:
- A surdez não pode esperar. Pacientes privados de audição estão a cada dia privando também seus cérebros de um estímulo importantíssimo para a manutenção da saúde cognitiva.
- Aparelhos auditivos e implantes cocleares são tratamentos altamente eficazes na melhoria da qualidade de vida.
- Não podemos saber quando esses tratamentos curativos chegarão e nem para quais tipos de surdez eles estarão inicialmente disponíveis.
Luciano Moreira – Médico Otorrinolaringologista
Fonte: Harvard Medical School