A indicação de uma cirurgia para um filho, por mais comum que seja o procedimento, sempre causa receio nos pais. Surgem inúmeras dúvidas, ansiedades e a busca por informações claras e confiáveis torna-se uma prioridade. Se você está passando por este momento, este guia da cirurgia de amigdalas e adenoide em crianças foi cuidadosamente preparado pensando em você e nas suas preocupações.
As amígdalas e a adenoide, pequenos órgãos que habitam a garganta e o nariz das crianças, algumas vezes, em vez de proteger, tornam-se a causa de muitos problemas. Meu compromisso aqui é oferecer um panorama completo, desde o entendimento do que são esses órgãos e por que podem causar problema, até os detalhes sobre a cirurgia de remoção (conhecida como adenoamigdalectomia) e o período de recuperação. O objetivo é que, ao final desta leitura, você se sinta mais seguro, bem informado e confiante para – junto com o médico otorrinolaringologista – tomar a melhor decisão para a saúde e o bem-estar do seu filho.
Como é a cirurgia de amigdalas e adenoide em criança
O que são e onde ficam as amigdalas e adenoides?
As amígdalas, mais corretamente chamadas de tonsilas palatinas, são duas massas de tecido linfoide, semelhantes a gânglios, localizadas uma de cada lado, no fundo da garganta. São aquelas “bolinhas” que conseguimos ver quando a criança abre bem a boca. Já a adenoide, ou tonsila faríngea, é também um tecido linfoide (uma “outra amígdala”), mas que fica “escondida” na parte de trás do nariz, em uma região chamada rinofaringe, onde o ar passa antes de descer para a garganta. Por sua localização, a adenoide não é visível ao simples exame da boca.
Qual a verdadeira função das amigdalas e adenoides no corpo da criança?
Tanto as amígdalas quanto a adenoide fazem parte do chamado Anel de Waldeyer, uma espécie de barreira de defesa imunológica localizada na entrada do trato aerodigestivo superior. Sua principal função é atuar como uma primeira linha de combate contra microrganismos (vírus e bactérias) que entram no corpo pela boca e pelo nariz, produzindo anticorpos e células de defesa (linfócitos) para ajudar a combater infecções.
Até que idade elas são realmente importantes para a imunidade?
Essa função de defesa das amígdalas e da adenoide é especialmente proeminente nos primeiros anos de vida da criança, quando o sistema imunológico ainda está amadurecendo e aprendendo a lidar com os diversos agentes infecciosos do ambiente. Geralmente, por volta dos 3 a 5 anos de idade, a importância imunológica desses órgãos tende a diminuir consideravelmente. Isso ocorre porque o sistema imunológico da criança já desenvolveu outras formas de defesa mais robustas e específicas, e outros órgãos linfoides assumem um papel mais central. É um receio comum dos pais que a remoção das amígdalas e da adenoide possa comprometer a imunidade do filho. No entanto, é importante esclarecer que, para a grande maioria das crianças que têm indicação cirúrgica, essa remoção não resulta em prejuízo clinicamente significativo para o sistema imune. O organismo possui um sistema de defesa complexo e redundante, e a ausência desses tecidos específicos, principalmente após os primeiros anos de vida, não costuma deixar a criança mais vulnerável a infecções de forma geral.
Quando as amigdalas e a adenoide se tornam um problema para a criança?
É crucial estar atento aos sinais, pois esses podem ser indicativos de questões mais sérias com potencial para consequências a longo prazo, afetando o desenvolvimento físico, cognitivo e comportamental. Sinais de alerta: o que os pais devem observar no dia a dia? Fique atento se seu filho apresentar um ou mais dos seguintes sintomas de forma persistente:
- Nariz frequentemente entupido: A criança vive com o nariz congestionado, o que a leva a respirar predominantemente pela boca, tanto durante o dia quanto à noite.
- Roncos noturnos altos e constantes: O ronco pode ser tão intenso a ponto de ser ouvido de outros cômodos da casa. Muitas vezes, o sono é agitado, com a criança se mexendo muito na cama.
- Pausas respiratórias durante o sono (apneia): Os pais podem notar que, durante o ronco, a criança para de respirar por alguns segundos, retomando a respiração com um suspiro ou um som mais forte.
- Infecções de garganta (amigdalites) frequentes: Episódios repetidos de dor de garganta, febre, dificuldade para engolir, muitas vezes com presença de placas de pus nas amígdalas.
- Otites (infecções de ouvido) de repetição: Dor de ouvido frequente, que pode ou não estar acompanhada de secreção, e em alguns casos, levar a uma perda auditiva temporária ou persistente.
- Rinossinusites frequentes: Quadros de sinusite que se repetem, com secreção nasal espessa, dor facial e tosse. 6
- Voz anasalada (hiponasal): A criança fala como se estivesse constantemente resfriada, com a voz “fanha”. 2
- Dificuldade de se alimentar e/ou baixo ganho de peso: Em alguns casos, especialmente quando as amígdalas são muito grandes, a criança pode ter dificuldade para engolir alimentos sólidos.
- Mau hálito persistente (halitose): Mesmo com uma boa higiene bucal, o mau hálito pode ser um sinal de acúmulo de restos alimentares e bactérias nas criptas (pequenas cavidades) das amígdalas.
- Tosse crônica: Uma tosse que persiste, principalmente à noite, pode ser causada pela irritação da garganta devido à respiração bucal ou ao gotejamento de secreção nasal.
- Amigdalites de repetição: A amigdalite de repetição é uma das indicações mais clássicas para a cirurgia.
- Adenoide aumentada (hipertrofia): a famosa “carne esponjosa” e seus impactos. A hipertrofia da adenoide, popularmente conhecida como “carne esponjosa”, ocorre quando esse tecido linfoide localizado atrás do nariz aumenta excessivamente de tamanho.
- Respirador bucal (criança que respira pela boca): A respiração predominantemente pela boca, quando se torna crônica devido à obstrução nasal causada pela adenoide aumentada e/ou grandes amígdalas, não é apenas um “mau hábito”. É uma condição que pode trazer uma série de consequências negativas para a saúde e o desenvolvimento da criança:
- Alterações no desenvolvimento da face
- Alterações na postura corporal
- Problemas dentários
- Qualidade do sono prejudicada
- Impacto no aprendizado e comportamento
- Apneia obstrutiva do sono infantil: A apneia obstrutiva do sono (SAHOS) em crianças ocorre quando há uma obstrução parcial ou total das vias aéreas superiores durante o sono, geralmente causada pelo aumento exagerado das amígdalas e/ou da adenoide. Essas pausas respiratórias levam a uma queda na oxigenação do sangue e a despertares frequentes (muitas vezes não percebidos pela criança), fragmentando o sono e impedindo que ele seja verdadeiramente reparador.
Para ajudar os pais a identificarem potenciais problemas, a tabela abaixo resume os principais sinais de alerta sobre amigdalas e adenoide em criança:
Sintoma | O que Observar | Possível Problema Associado | Quando Procurar o Otorrino? |
Ronco alto e frequente | Todas as noites, com esforço respiratório, pausas na respiração. | Hipertrofia de amígdalas/adenoide, Apneia do sono. | Se persistente e acompanhado de outros sinais. |
Respiração predominantemente pela boca | Boca aberta durante o dia e/ou noite, mesmo sem estar resfriado(a). | Obstrução nasal por hipertrofia de adenoide e/ou rinite. | Se for um padrão constante. |
Infecções de garganta recorrentes | Vários episódios ao ano com febre, dor, dificuldade para engolir, uso de antibióticos. | Amigdalite de repetição. | Se atender aos critérios de frequência ou causar muito sofrimento. |
Infecções de ouvido recorrentes | Dor de ouvido frequente, com ou sem secreção, perda auditiva. | Otite média de repetição, Otite média secretora. | Se os episódios forem frequentes ou houver suspeita de perda auditiva. |
Sono agitado, despertares, terror noturno | Criança se mexe muito, acorda assustada, tem suor excessivo durante o sono. | Dificuldade respiratória noturna, Apneia do sono. | Se o padrão de sono estiver consistentemente alterado. |
Dificuldade de concentração, irritabilidade | Criança parece sempre cansada, desatenta na escola, mais irritadiça. | Sono de má qualidade devido à obstrução respiratória. | Se houver impacto no comportamento e aprendizado. |
Voz anasalada (“fanhosa”) | Voz com característica nasal constante, mesmo sem resfriado. | Obstrução nasal por hipertrofia de adenoide. | Se persistente. |
Mau hálito persistente | Hálito desagradável mesmo com boa higiene bucal. | Amigdalite caseosa, respiração bucal, infecção crônica. | Se não melhorar com medidas de higiene. |
Diagnóstico: Como o médico descobre se a cirurgia de amigdalas e adenoide é necessária em criança?
Tudo começa com uma boa conversa com o otorrinolaringologista. O médico irá ouvir atentamente o relato dos pais sobre os sintomas da criança: quando começaram, com que frequência ocorrem, qual a intensidade, como impactam o dia a dia. Essa história clínica detalhada é uma peça-chave do quebra-cabeça. Em seguida, será realizado um exame físico completo, que inclui a oroscopia (visualização direta das amígdalas na garganta, avaliando seu tamanho e aspecto) e a rinoscopia anterior (exame da parte da frente do nariz).
Exames complementares:
- Nasofibroscopia (ou videoendoscopia nasal): Este é considerado o exame padrão-ouro para visualizar a adenoide e toda a cavidade nasal. 6 Consiste na introdução de um tubinho muito fino e flexível, que tem uma microcâmera na ponta, através de uma das narinas da criança. As imagens são transmitidas para um monitor, permitindo ao médico ver com clareza o tamanho da adenoide, se há outras alterações no nariz (como desvio de septo, pólipos, sinais de rinite) e como está a abertura das tubas auditivas.
- Radiografia de Cavum (Perfil): É uma radiografia lateral do crânio que permite avaliar o tamanho da adenoide e o quanto ela obstrui a passagem de ar na rinofaringe. 6 É uma alternativa quando a criança não colabora para a realização da nasofibroscopia, mas possui limitações, pois é uma imagem estática e pode sofrer distorções dependendo do posicionamento da criança.
- Polissonografia: Este é o exame padrão-ouro para o diagnóstico dos distúrbios respiratórios do sono, como a apneia obstrutiva do sono (SAHOS). 6 A criança dorme uma noite no laboratório de sono (ou, em alguns casos, em casa com equipamento portátil) conectada a sensores que monitoram diversos parâmetros, como atividade cerebral, movimentos oculares, fluxo aéreo nasal e oral, esforço respiratório, oxigenação do sangue, frequência cardíaca e movimentos das pernas. A polissonografia é indicada quando há forte suspeita de apneia do sono, para diferenciar um ronco primário (benigno) da SAHOS, ou para avaliar a gravidade da apneia e guiar o tratamento.
Tratamentos de amigdalas e adenoides em criança:
Nem sempre a cirurgia é a primeira ou única opção. Abordagem conservadora: quando é possível tratar sem operar?
- Amigdalites bacterianas agudas: Nos quadros infecciosos agudos causados por bactérias, como a amigdalite estreptocócica, o tratamento é feito com antibióticos específicos, prescritos pelo médico. É crucial seguir rigorosamente a dose e o tempo de tratamento recomendados, mesmo que os sintomas melhorem antes, para garantir a erradicação da bactéria e prevenir complicações.
- Amigdalites virais: A maioria das dores de garganta em crianças é causada por vírus. Nesses casos, os antibióticos não são eficazes. O tratamento é sintomático, com analgésicos e anti-inflamatórios para aliviar a dor e a febre, além de repouso e hidratação.
- Hipertrofia de adenoide e rinites/sinusites associadas: Quando o aumento da adenoide está associado a quadros alérgicos ou inflamatórios crônicos do nariz e seios da face, algumas medidas clínicas podem trazer alívio significativo:
- Corticoides intranasais: Sprays nasais com corticoides são frequentemente utilizados para reduzir a inflamação da mucosa nasal e da própria adenoide, especialmente se houver rinite alérgica associada.
- Antibióticos: Podem ser necessários em casos de adenoidite (inflamação/infecção da adenoide) ou rinossinusite bacteriana secundária, para combater a infecção.
- Tratamento de alergias: Se a alergia for um fator importante, o uso de anti-histamínicos orais, controle dos alérgenos no ambiente (poeira, ácaros, mofo, pelos de animais) e, em alguns casos, imunoterapia (vacinas para alergia) podem ser indicados.
É importante lembrar que, em muitas crianças, especialmente as mais novas, a adenoide tende a regredir (diminuir de tamanho) espontaneamente com o crescimento, por volta dos 6-8 anos de idade. 2 Nesses casos, se os sintomas não forem muito intensos ou não estiverem causando complicações significativas, o tratamento clínico e o acompanhamento regular pelo otorrinolaringologista podem ser suficientes para controlar o problema até que essa regressão natural ocorra.
Principais indicações para a cirurgia de amigdalas e adenoide em criança:
Obstrução significativa das vias aéreas superiores:
Esta é uma das indicações mais comuns. Inclui:
- Aumento acentuado (hipertrofia) das amígdalas e/ou da adenoide que causa respiração persistentemente pela boca, roncos noturnos intensos e, principalmente, apneia obstrutiva do sono confirmada pela polissonografia ou por observação clínica clara. 1
- Dificuldade importante para engolir (disfagia) causada pelo tamanho das amígdalas. 11
- Alterações significativas da fala, como uma voz muito anasalada (hiponasal) devido à obstrução nasal pela adenoide, que não melhora com tratamento clínico. 6
- Alterações no desenvolvimento do rosto (craniofacial), como a “fácies adenoidiana” e problemas de mordida, decorrentes da respiração bucal crônica.
Infecções de repetição graves:
- Amigdalites bacterianas recorrentes, que são resistentes ao tratamento clínico adequado ou que causam um impacto muito grande na qualidade de vida da criança e da família (muitas faltas escolares, uso excessivo de antibióticos, sofrimento intenso).
Complicações das infecções ou da obstrução:
- Abscesso periamigdaliano: formação de uma coleção de pus ao redor da amígdala. A ocorrência de um episódio já pode ser indicação de cirurgia, especialmente se houver histórico de amigdalites de repetição. 1
- Otite média secretora (acúmulo de líquido no ouvido médio) 6
- Rinossinusite crônica ou recorrente que não melhora com tratamento clínico prolongado e adequado. 6
- Suspeita de malignidade (câncer): Embora muito raro em crianças, um aumento rápido e unilateral (de um lado só) da amígdala, ou um aspecto suspeito, pode levantar a necessidade de remoção para biópsia. 7
- Halitose crônica por cáseos amigdalianos (amigdalite caseosa): Presença de “massinhas” brancas ou amareladas de mau cheiro que se formam nas criptas das amígdalas. A cirurgia pode ser considerada se o problema for muito incômodo para a criança ou adolescente e não melhorar com medidas de higiene e tratamento conservador. 18
“Mas doutor, tirar as amígdalas e a adenoide não vai prejudicar a imunidade do meu filho?”
As amígdalas e a adenoide têm uma função imunológica, especialmente nos primeiros anos. No entanto, para a grande maioria das crianças que realmente necessitam da cirurgia (geralmente após os 2-3 anos de idade), a remoção desses tecidos não causa uma diminuição significativa ou clinicamente relevante da imunidade a longo prazo.
O sistema imunológico do ser humano é vasto e complexo, com múltiplos órgãos e células espalhados por todo o corpo que continuam a proteger a criança de forma eficaz. Na verdade, em muitos casos, quando as amígdalas e/ou a adenoide estão cronicamente inflamadas ou infectadas, elas podem se tornar um “foco” de problemas, consumindo energia do sistema de defesa em vez de ajudar. A remoção desses tecidos doentes em geral leva a uma melhora na saúde geral da criança, com menos infecções e mais disposição. Estudos científicos extensos e a prática clínica de décadas suportam a segurança da adenoamigdalectomia em relação à imunidade, quando bem indicada.
Preparando seu filho (e vocês, pais!) para a cirurgia: uma jornada de confiança
A decisão pela cirurgia foi tomada em conjunto com o otorrinolaringologista. Agora, inicia-se uma nova fase: a preparação para o procedimento. Este é um momento crucial, onde a informação clara e o apoio emocional fazem toda a diferença para a tranquilidade da criança e da família. A preparação psicológica da criança é tão vital quanto os cuidados físicos.
- A conversa com a criança: honestidade e linguagem adequada à idade
É fundamental preparar a criança psicologicamente para a cirurgia. Uma conversa honesta, adaptada à sua capacidade de compreensão, pode reduzir significativamente o medo e a ansiedade. Explique de forma simples por que a cirurgia é necessária (por exemplo, “para você respirar melhor pelo narizinho enquanto dorme”, ou “para não ter mais tanta dor de garganta”) e o que vai acontecer de forma geral (que ela vai dormir um soninho gostoso no hospital enquanto o médico cuida dela, e que os pais estarão por perto).
- Para bebês e crianças muito pequenas (até uns 3 anos): A tranquilidade e segurança transmitidas pelos pais são o mais importante. Eles percebem a ansiedade dos adultos. Manter um ambiente calmo, usar brinquedos como kits médicos para “operar” bonecos ou bichos de pelúcia pode ajudar a familiarizá-los com o contexto hospitalar de forma lúdica. 21
- Para crianças em idade pré-escolar (3 a 6 anos): Utilize uma linguagem simples e positiva. Livros infantis que abordam a ida ao hospital ou pequenas cirurgias podem ser grandes aliados.
- Para crianças maiores (acima de 6 anos): Elas já conseguem entender explicações um pouco mais detalhadas, mas sempre de forma clara e sem assustar. Incentive-as a fazer perguntas e expor seus medos. Valide seus sentimentos e reforce que você estará lá para apoiá-las. 2
Cuidados pré-operatórios: o que fazer na véspera?
- Informações ao médico: É crucial informar ao cirurgião e ao anestesista sobre todos os medicamentos que a criança utiliza regularmente (incluindo vitaminas e fitoterápicos), quaisquer alergias conhecidas (a medicamentos, alimentos, látex, etc.), e se há histórico pessoal ou familiar de problemas de sangramento ou de coagulação.
- Suspensão de medicamentos: Siga rigorosamente as orientações médicas sobre quais medicamentos precisam ser suspensos antes da cirurgia. Alguns anti-inflamatórios (como aspirina e ibuprofeno) e certos fitoterápicos podem aumentar o risco de sangramento e geralmente precisam ser interrompidos alguns dias antes.
- Alimentação e hidratação: No dia anterior à cirurgia, mantenha uma alimentação leve e saudável para a criança, e garanta uma boa hidratação. Evite alimentos pesados ou de difícil digestão.
- O que levar para o hospital: Prepare uma pequena mala com roupas confortáveis para a criança vestir após a cirurgia, seus produtos de higiene pessoal e, muito importante, um objeto de transição – aquele brinquedo favorito, naninha ou cobertorzinho que traz conforto e segurança.
Jejum: por que é tão importante e quais as regras?
O jejum antes da anestesia geral é uma medida de segurança indispensável. Ele visa garantir que o estômago da criança esteja vazio no momento da indução anestésica, prevenindo o risco de vômito e a aspiração de conteúdo gástrico para os pulmões, o que poderia causar uma pneumonia grave. As crianças devem fazer um jejum completo, incluindo líquidos, por 6-8 horas antes da cirurgia, observando a orientação do cirurgião em cada caso.
- Exames pré-operatórios comuns: Dependendo da idade da criança, do seu estado de saúde geral e dos protocolos do hospital, alguns exames de sangue podem ser solicitados, como hemograma (para avaliar anemia e células de defesa) e coagulograma (para verificar a capacidade de coagulação do sangue). 23 Em alguns casos, uma avaliação cardiológica pode ser necessária.
Como é feita a cirurgia? Um olhar detalhado (e tranquilizador) para os pais
Chegou o dia da cirurgia. É natural que a ansiedade aumente, mas saber o que esperar pode trazer mais tranquilidade. Lembre-se que seu filho estará sob os cuidados de uma equipe especializada e dedicada.
Anestesia geral em crianças: segurança em primeiro lugarA cirurgia de amígdalas e adenoide é sempre realizada sob anestesia geral. Isso significa que a criança estará dormindo profundamente durante todo o procedimento, sem sentir qualquer dor ou desconforto, e permanecerá imóvel, o que é essencial para a segurança e precisão da cirurgia. Muitos pais têm um receio particular em relação à anestesia geral em crianças. É importante desmistificar esse medo. A anestesia pediátrica moderna é extremamente segura, graças aos avanços nos medicamentos, nas técnicas e, fundamentalmente, no monitoramento contínuo de todos os sinais vitais da criança por um médico anestesiologista com experiência em pediatria. Agentes anestésicos como o Sevoflurano (um gás administrado por máscara para induzir o sono de forma suave) e o Propofol (uma medicação intravenosa) são comumente utilizados por permitirem uma indução e um despertar mais rápidos e tranquilos. Antes da cirurgia, vocês terão a oportunidade de conversar com o anestesista, que explicará todo o processo, avaliará a criança e responderá a todas as suas dúvidas.
As técnicas cirúrgicas: o que os pais precisam saber sobre as opções?
O objetivo da cirurgia é remover o tecido das amígdalas e/ou da adenoide que está causando obstrução ou infecções de repetição. Existem diferentes técnicas para realizar este procedimento, e a escolha pode depender da experiência do cirurgião, das características do caso e dos recursos disponíveis. É importante saber que todas as técnicas, quando bem indicadas e executadas, são eficazes. As técnicas mais modernas buscam, principalmente, reduzir o sangramento durante a cirurgia, diminuir a dor no pós-operatório e acelerar a recuperação.
Duração da cirurgia e tempo de internação
A cirurgia em si é geralmente rápida, durando entre 30 a 60 minutos, dependendo da técnica utilizada e se apenas a adenoide, apenas as amígdalas, ou ambas serão removidas. 8 Quanto à internação, na maioria dos casos, a criança recebe alta hospitalar no mesmo dia da cirurgia ou na manhã seguinte, após um período de observação e recuperação da anestesia. 8 Crianças muito pequenas (menores de 3 anos), aquelas com condições médicas preexistentes significativas (como apneia do sono grave ou síndromes) ou que moram muito longe do hospital podem necessitar de uma noite de internação para monitoramento mais próximo.
Pós-operatório de cirurgia de amigdalas e adenoide em criança: Guia completo para uma recuperação tranquila e segura em casa
O período pós-operatório é, talvez, o que mais gera ansiedade e dúvidas nos pais. Saber o que esperar e como cuidar da criança em casa é fundamental para uma recuperação sem sustos e mais confortável. Um acompanhamento cuidadoso em casa, seguindo as orientações médicas, é a chave para o sucesso.
As primeiras horas após a cirurgia: o que esperar no hospital?
Após o término da cirurgia, a criança será monitorada pela equipe de enfermagem e pelo anestesista até que desperte completamente e seus sinais vitais estejam estáveis. É comum que ela acorde sonolenta, um pouco confusa e com algum nível de dor na garganta. Náuseas e vômitos podem ocorrer nas primeiras horas, mas geralmente são prevenidos ou tratados com medicações administradas durante ou após a anestesia. Assim que a criança estiver bem acordada e segura, os pais são chamados para ficarem ao seu lado, o que é muito importante para o seu conforto emocional.
Manejo da dor: aliviando o desconforto do seu filho
É esperado que a criança sinta dor após a cirurgia, principalmente ao engolir. Essa dor pode ser referida para os ouvidos, o que é bastante comum e não significa necessariamente uma infecção de ouvido. 1 A intensidade da dor varia de criança para criança.
Medicação: O médico prescreverá analgésicos (como paracetamol ou dipirona) para serem administrados regularmente em casa, nos horários corretos, para manter a dor sob controle. 15 É importante dar a medicação antes que a dor se torne muito forte. Em alguns casos, opioides fracos podem ser indicados para dores mais intensas, sempre sob orientação médica.
Evitar certos medicamentos: Geralmente, recomenda-se evitar anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), como o ibuprofeno ou a aspirina, nos primeiros dias após a cirurgia, pois eles podem aumentar o risco de sangramento, a menos que o cirurgião os prescreva especificamente. 29
Medidas de conforto: Manter a garganta hidratada com pequenos goles de líquidos frios e oferecer alimentos gelados (como sorvete ou gelatina) pode ajudar a aliviar o desconforto.
Pico de dor: É comum que a dor piore um pouco por volta do 7º ao 10º dia de pós-operatório. Isso ocorre porque a fibrina (a placa de cicatrização esbranquiçada que se forma no local da cirurgia) começa a se desprender, expondo terminações nervosas. É uma fase temporária. 29
Alimentação: o que pode e o que não pode comer?
A alimentação no pós-operatório é um ponto crucial para a recuperação e cicatrização, além de ser uma fonte de preocupação para os pais. A progressão deve ser gradual:
Primeiros dias (geralmente 1 a 3 dias): A dieta deve ser exclusivamente líquida e pastosa, em temperatura fria ou gelada. 1 Exemplos incluem: água, chás (não muito quentes), sucos de frutas não ácidas (maçã, pera, mamão), água de coco, sorvete (de massa, sem pedaços ou coberturas duras), gelatina, iogurte natural, caldos de legumes ou carne coados e resfriados, vitaminas de frutas batidas com leite (se tolerado), purês bem ralos.
Dias seguintes (geralmente do 4º ao 7º dia): Pode-se iniciar a introdução gradual de alimentos pastosos mais consistentes, em temperatura morna ou ambiente, desde que sejam macios e fáceis de engolir. 38 Exemplos: sopas cremosas (evitar pedaços grandes ou duros), macarrão bem cozido com molho suave, ovos mexidos ou cozidos moles, purê de batata ou mandioquinha, frutas cozidas ou amassadas (banana, maçã cozida), pão de forma sem casca e bem macio.
Após 7 a 10 dias (ou conforme orientação médica): O retorno à dieta normal da criança pode ser feito gradualmente, observando a aceitação e o conforto ao engolir. 38 Ainda se deve evitar alimentos muito duros, crocantes (como torradas, salgadinhos, pipoca), apimentados, muito condimentados ou que possam “arranhar” a garganta (como casca de pão, batata frita crocante) por mais alguns dias.
Hidratação: A ingestão de líquidos é fundamental durante todo o período de recuperação para manter a garganta úmida, facilitar a deglutição e prevenir a desidratação. 29 Incentive a criança a beber pequenos goles de água frequentemente.
Guia alimentar Pós-Operatório de cirurgia de amigdalas e adenoide em criança
Período | Consistência | Temperatura | Exemplos Permitidos | Exemplos a Evitar |
Dias 1-3 | Líquida/Pastosa Rala | Fria/Gelada | Água, sucos não ácidos, sorvete, gelatina, iogurte, caldos frios, purês ralos. | Líquidos cítricos (laranja, limão), refrigerantes, alimentos quentes, sólidos, pedaços. |
Dias 4-7 | Pastosa Macia | Morna/Ambiente | Purês mais consistentes, sopas cremosas, macarrão bem cozido, frutas amassadas, ovos. | Alimentos duros, crocantes, com pontas, muito condimentados, cítricos fortes. |
Dias 8-14 | Normal (gradual) | Variada | Retorno gradual à dieta habitual, começando com alimentos mais macios. | Alimentos muito ásperos, apimentados, excessivamente crocantes ou duros. |
*Lembre-se: esta tabela é um exemplo. Siga sempre as orientações específicas do seu médico.*
- Repouso e atividades: quando voltar à rotina normal?
- Repouso relativo em casa: Nos primeiros 7 a 10 dias após a cirurgia, a criança deve permanecer em casa, em repouso relativo. 1 Isso não significa ficar o tempo todo na cama, mas sim evitar atividades agitadas, corridas, pulos, brincadeiras que exijam muito esforço físico ou que possam causar quedas. Atividades calmas como assistir TV, ler, desenhar, brincar com jogos de tabuleiro são permitidas.
- Retorno à escola ou creche: O retorno às atividades escolares geralmente é liberado após esse período inicial de repouso, entre 7 a 14 dias, desde que a criança esteja se sentindo bem, sem dor significativa, alimentando-se adequadamente e com liberação médica. 26
- Atividades físicas e esportes: O retorno às atividades físicas mais intensas e aos esportes deve ser gradual e orientado pelo médico. Geralmente, atividades leves podem ser retomadas após 3-4 semanas. Esportes de contato, natação (devido ao risco de infecção e ao esforço) ou atividades que possam causar trauma na região da garganta devem ser evitados por um período maior, usualmente 4-5 semanas, ou até a completa cicatrização e liberação médica. 37 É importante evitar esforço físico exacerbado, especialmente nos primeiros 10-14 dias, para minimizar o risco de sangramento. 38
- Higiene bucal e outros cuidados:
- Escovação dos dentes: Pode ser feita normalmente, mas com cuidado redobrado nos primeiros dias para não machucar a área operada no fundo da garganta. 1 Usar uma escova macia e pouca quantidade de creme dental. Nos primeiros dias, pode-se focar nos dentes da frente. 1
- Gargarejos: Não se deve fazer gargarejos vigorosos ou bochechos com força, a menos que orientado pelo médico. 1
- Placas de cicatrização e mau hálito: É perfeitamente normal e esperado o aparecimento de placas esbranquiçadas ou amareladas no local onde as amígdalas foram removidas. Isso não é pus nem sinal de infecção, mas sim uma camada de fibrina, que faz parte do processo natural de cicatrização (como uma “casquinha” interna). 1 Essas placas se desprendem sozinhas ao longo de 1 a 2 semanas. Um leve mau hálito também pode ocorrer durante esse período e tende a desaparecer com a cicatrização completa. Não tente remover as placas.
- Sinais de alerta: quando devo me preocupar e procurar o médico imediatamente?
Embora a maioria das crianças se recupere bem, é fundamental que os pais estejam atentos a qualquer sinal que possa indicar uma complicação. Não hesite em contatar o médico ou procurar um serviço de emergência se seu filho apresentar:
- Sangramento: Qualquer sangramento vivo e em quantidade pela boca ou nariz. 1 Uma pequena quantidade de saliva com raias de sangue pode ser normal nas primeiras 24 horas, mas um sangramento ativo, como o de um corte, é uma emergência.
- Febre alta: Temperatura acima de 38.5?C que não cede com a medicação antitérmica prescrita, ou febre que persiste por mais de 2-3 dias. 1 Uma febre baixa (até 38?C) pode ser comum nos primeiros dias.
- Dor intensa e incontrolável: Dor na garganta ou ouvidos que não melhora ou piora significativamente, mesmo com o uso regular dos analgésicos prescritos. 29
- Dificuldade respiratória significativa: Se a criança apresentar chiado no peito, falta de ar evidente ou qualquer sinal de desconforto respiratório importante. 29
- Vômitos persistentes: Especialmente se impedirem a ingestão de líquidos e medicamentos. 20
- Sinais de desidratação: Boca muito seca, choro sem lágrimas, diminuição importante da quantidade de urina (fraldas secas por muitas horas em bebês), olhos fundos, moleza excessiva. 20
- Mal-estar geral acentuado: Se a criança parecer muito prostrada, pálida ou apática.
Riscos e complicações: uma conversa aberta e honesta sobre a cirurgia
Toda cirurgia, por mais simples e rotineira que seja, envolve alguns riscos. É direito dos pais e responsabilidade do médico ter uma conversa franca e aberta sobre as possíveis complicações da adenoamigdalectomia. Felizmente, na grande maioria dos casos, a cirurgia transcorre sem problemas e a recuperação é tranquila. A transparência sobre os riscos, aliada à explicação das medidas preventivas e de manejo que a equipe médica adota, é fundamental para construir uma relação de confiança.
- Quais são os riscos mais comuns?
- Sangramento (hemorragia): É a complicação mais temida e uma das mais discutidas. 29 Pode ocorrer no pós-operatório imediato (hemorragia primária, nas primeiras 24 horas após a cirurgia) ou, mais comumente, de forma tardia (hemorragia secundária, geralmente entre o 5º e o 10º dia, quando a escara de cicatrização se desprende). A incidência varia na literatura médica, mas geralmente fica entre 0,8% e 4% dos casos. 29 Na maioria das vezes, o sangramento é pequeno e cessa espontaneamente ou com medidas simples. Em casos mais raros, pode ser necessário um tamponamento nasal (para sangramento da adenoide) ou uma reintervenção cirúrgica sob anestesia para controlar o sangramento. 41
- Dor (odinofagia): Como já mencionado, a dor ao engolir é praticamente universal após a remoção das amígdalas e, em menor grau, da adenoide. 29 Geralmente é bem controlada com a medicação analgésica prescrita.
- Infecção: É uma complicação rara, mas pode ocorrer no local da cirurgia. 28 Os sinais incluem febre persistente, dor que piora em vez de melhorar, e presença de pus (diferente da fibrina normal da cicatrização). Pode necessitar de tratamento com antibióticos.
- Problemas relacionados à anestesia geral: Embora a anestesia pediátrica moderna seja muito segura, existem riscos inerentes, como reações alérgicas aos medicamentos anestésicos ou complicações respiratórias (como laringoespasmo ou broncoespasmo). 26 Esses eventos são raros e a equipe de anestesia está preparada para identificá-los e tratá-los imediatamente.
- Desidratação: Pode ocorrer se a criança não conseguir ingerir líquidos adequadamente devido à dor ou náuseas. 29
- Náuseas e vômitos: São relativamente comuns nas primeiras horas após a anestesia, mas geralmente são prevenidos com medicações e tendem a melhorar rapidamente. 32
- Alteração temporária da voz: A voz pode soar um pouco diferente após a cirurgia, especialmente se as amígdalas e a adenoide eram muito grandes e obstruíam a ressonância nasal. 18 Geralmente, a voz se torna mais clara e menos anasalada, e qualquer alteração tende a ser temporária, normalizando-se em poucas semanas.
- Lesão de estruturas adjacentes: É uma complicação muito rara em mãos experientes, mas teoricamente pode ocorrer lesão nos dentes (durante a intubação ou colocação do abridor de boca), na úvula (campainha) ou no palato (céu da boca).
- Como nossa clínica trabalha para minimizar esses riscos?
A segurança do paciente é a prioridade máxima. Para minimizar os riscos associados à adenoamigdalectomia, adotamos uma série de medidas:
- Avaliação pré-operatória criteriosa: Investigamos cuidadosamente o histórico de saúde da criança, incluindo alergias, problemas de coagulação e outras condições médicas.
- Uso de técnicas cirúrgicas modernas e menos traumáticas: Quando aplicável e disponível, optamos por técnicas que visam reduzir o trauma tecidual, o sangramento e a dor pós-operatória (como o Coblation ou a cirurgia videoassistida). 29
- Equipe experiente: Nossos cirurgiões otorrinolaringologistas e médicos anestesistas possuem vasta experiência em procedimentos pediátricos.
- Monitoramento rigoroso: Durante todo o procedimento cirúrgico e no período de recuperação anestésica, a criança é constantemente monitorada.
- Orientações pós-operatórias claras e detalhadas: Fornecemos aos pais todas as informações necessárias para os cuidados em casa, incluindo sinais de alerta.
- Disponibilidade para contato: Mantemos canais de comunicação abertos para que os pais possam nos contatar em caso de dúvidas ou intercorrências no pós-operatório.
Benefícios da cirurgia: uma nova qualidade de vida para seu filho e para toda a família
Após passarmos pelos detalhes da cirurgia e seus possíveis percalços, é fundamental focarmos no objetivo principal: a melhora significativa que a adenoamigdalectomia pode trazer para a vida da criança e, por consequência, para toda a família. Os benefícios vão muito além de simplesmente “não ter mais dor de garganta”.
Respirar melhor, dormir melhor, viver melhor:
- A melhora mais imediata e impactante costuma ser na respiração. Com a remoção da obstrução causada pelas amígdalas e/ou adenoide aumentadas, a criança passa a respirar mais facilmente pelo nariz. 11
- Isso leva ao fim, ou a uma grande redução, dos roncos e dos episódios de apneia do sono. O resultado é um sono finalmente reparador, mais tranquilo e de melhor qualidade. 11
- Crianças que tinham dificuldade para se alimentar devido ao tamanho das amígdalas podem apresentar melhora no apetite e, em alguns casos, um ganho de peso mais adequado. 11
Menos infecções, menos antibióticos:
- Para crianças que sofriam com amigdalites de repetição, a cirurgia geralmente significa uma redução drástica, ou mesmo o fim, desses episódios dolorosos e febris. 11
- Da mesma forma, otites e rinossinusites recorrentes, quando relacionadas à adenoide, também tendem a diminuir significativamente em frequência.
- Consequentemente, há uma menor necessidade de uso de antibióticos e outras medicações, o que é benéfico para a saúde da criança a longo prazo, evitando o desenvolvimento de resistência bacteriana e os efeitos colaterais dos medicamentos. 28
Impacto positivo no desenvolvimento e bem-estar:
- Um sono de melhor qualidade e uma respiração mais eficiente resultam em mais disposição durante o dia. Muitas crianças apresentam melhora na atenção, na concentração e, consequentemente, no rendimento escolar. 4
- A irritabilidade e a agitação, muitas vezes associadas ao cansaço crônico e ao desconforto da má respiração, tendem a diminuir, levando a uma melhora no humor e no comportamento da criança. 4
- Em casos onde a respiração bucal crônica estava afetando o desenvolvimento da fala ou da arcada dentária, a correção do padrão respiratório pode trazer benefícios também nessas áreas, muitas vezes com o auxílio de fonoaudiólogos e ortodontistas. 4
- No geral, a cirurgia pode proporcionar uma melhora substancial na qualidade de vida da criança, permitindo que ela brinque, estude e se desenvolva de forma mais plena e saudável. Isso, invariavelmente, reflete positivamente no bem-estar de toda a família, que também sofria com as noites mal dormidas e a preocupação constante com a saúde do pequeno. 11
Respondendo às dúvidas mais comuns dos pais (FAQ rápido e direto)
Sabemos que, mesmo com todas as explicações, algumas perguntas pontuais podem surgir. Reunimos aqui as dúvidas mais frequentes que os pais costumam ter, com respostas diretas para ajudar a esclarecê-las.
Qual a idade mínima para operar?
Não existe uma idade mínima absoluta. A decisão depende muito mais da gravidade dos sintomas e do impacto que o problema está causando na saúde e qualidade de vida da criança do que da idade cronológica. Geralmente, a cirurgia é mais comum após os 2 ou 3 anos de idade, mas em casos de obstrução respiratória severa ou apneia do sono grave, pode ser indicada até mesmo em crianças mais novas.
As amígdalas ou a adenoide podem “voltar” ou “crescer de novo” após a cirurgia?
Quando as amígdalas palatinas são removidas completamente (tonsilectomia total), elas não voltam a crescer. No caso da adenoide, especialmente se a cirurgia for realizada em idade muito precoce (antes dos 2-3 anos) ou se a remoção não for tecnicamente completa, pode haver um pequeno crescimento residual do tecido linfoide remanescente. No entanto, se a técnica cirúrgica for adequada, como a adenoidectomia videoassistida com microdebridador, a chance de um novo crescimento significativo que cause problemas novamente é muito pequena. A tonsilectomia intracapsular, uma técnica que preserva a cápsula da amígdala, tem um risco teórico de novo crescimento do tecido amigdaliano.
A voz do meu filho vai mudar?
Pode haver uma mudança sutil na voz, especialmente se as amígdalas e/ou a adenoide eram muito grandes e causavam uma voz abafada ou anasalada (hiponasal). Geralmente, a mudança é para uma voz mais clara, com melhor ressonância nasal, o que é percebido como uma melhora. Qualquer alteração costuma ser leve e a criança se adapta rapidamente.
A cirurgia dói muito? Quanto tempo dura a dor?
Sim, a cirurgia de remoção das amígdalas, em particular, causa dor no pós-operatório, principalmente ao engolir. A intensidade varia de criança para criança. A dor costuma ser mais forte nos primeiros dias e pode haver um segundo pico de desconforto por volta do 7º ao 10º dia, quando a fibrina (placa de cicatrização) começa a se soltar. Com o uso regular da medicação analgésica prescrita pelo médico, a dor é geralmente bem controlada. Em média, o desconforto significativo dura de 1 a 2 semanas.
Quanto tempo meu filho precisa ficar afastado da escola/creche?
O afastamento da escola ou creche é geralmente recomendado por um período de 7 a 14 dias, dependendo da recuperação da criança e da orientação médica.
E de atividades físicas/esportes?
O retorno às atividades físicas deve ser gradual. Atividades leves e brincadeiras calmas podem ser retomadas após 1 a 2 semanas. Esportes mais intensos, atividades de contato ou natação geralmente requerem um afastamento de 3 a 4 semanas, ou até a completa cicatrização e liberação pelo cirurgião, para evitar sangramentos ou traumas.
A cirurgia é coberta pelo plano de saúde?
Na maioria dos casos, quando há uma indicação médica clara e documentada para a adenoamigdalectomia, os planos de saúde costumam cobrir os custos hospitalares e de materiais do procedimento. Os honorários de nossa equipe médica são em caráter particular e alguns convênios podem reembolsar parcialmente esses valores. É sempre importante verificar previamente com a operadora do plano quais são as coberturas, necessidade de autorizações e rede credenciada.
Precisa de pontos? Eles caem sozinhos?
A necessidade de pontos (suturas) na cirurgia das amígdalas depende da técnica utilizada pelo cirurgião e da presença de sangramento durante o procedimento. Se forem dados pontos, eles geralmente são feitos com fios absorvíveis, que não precisam ser retirados, pois o próprio organismo os dissolve ou eles caem sozinhos em algumas semanas. Na adenoidectomia, geralmente não são utilizados pontos.
O que é aquela placa branca que aparece na garganta? É pus?
Não, aquela placa esbranquiçada ou amarelada que se forma no local onde as amígdalas foram removidas não é pus nem sinal de infecção na maioria das vezes. 1 Trata-se de uma camada de fibrina, uma proteína que faz parte do processo natural de cicatrização, como se fosse uma “casquinha” interna. Ela aparece nos primeiros dias e vai se desprendendo gradualmente ao longo de 1 a 2 semanas. Não tente removê-la.
Conclusão: A decisão compartilhada e o caminho para o bem-estar do seu filho
Chegamos ao final deste guia, e esperamos que as informações aqui apresentadas tenham sido úteis para esclarecer suas dúvidas e aliviar um pouco da ansiedade que envolve a decisão por uma cirurgia em seu filho. É fundamental reforçar que cada criança é única, e a necessidade da cirurgia de amígdalas e adenoide deve ser avaliada cuidadosamente pelo médico otorrinolaringologista, em conjunto com a família.
O diálogo aberto e honesto com o especialista é o pilar para uma decisão segura e consciente. Não hesite em perguntar, expor seus medos e alinhar as expectativas. Lembre-se que o objetivo principal é sempre buscar a melhor qualidade de vida e saúde para a criança.
A cirurgia de adenoamigdalectomia, quando bem indicada e realizada por uma equipe experiente e com as técnicas adequadas, é um procedimento seguro e que pode trazer uma transformação muito positiva para a vida da criança, livrando-a de sintomas incômodos, infecções de repetição e permitindo que ela respire, durma, se alimente e se desenvolva de forma muito mais saudável e feliz.
Se você identificou alguns dos sinais de alerta mencionados neste guia no seu filho, ou se ainda tem dúvidas sobre a saúde das amígdalas e adenoide dele, o próximo passo é procurar um especialista.
Se você reside no Rio de Janeiro, São Paulo, Juiz de Fora ou regiões próximas, e busca uma avaliação especializada e um cuidado humano e individualizado para o seu filho, agende uma consulta em nossa clínica.