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O Guia COMPLETO do COLESTEATOMA: os sintomas e tratamentos

o que é colesteatoma e como tratar dr. luciano moreira

O que é colesteatoma, afinal? Talvez você ou alguém próximo tenha recebido esse diagnóstico, ou simplesmente deseja entender melhor essa condição que, embora não seja um câncer, exige atenção e cuidado especializado. Meu objetivo enquanto médico otorrino focado em cirurgias do ouvido é fornecer conhecimento claro e confiável para que você possa tomar decisões mais informadas sobre sua saúde auditiva.

Este post é um mergulho completo no universo do colesteatoma. Vamos desmistificar termos técnicos, explicar as causas, como ele se manifesta, as formas de diagnóstico e, principalmente, as opções de tratamento, com destaque para os avanços cirúrgicos. Prepare-se para uma leitura detalhada, pensada para quem realmente quer ir além do básico.

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O que é o Colesteatoma: uma definição detalhada

Embora o nome “colesteatoma” possa soar um pouco assustador, derivando de palavras gregas que remetem a colesterol e tumor (uma denominação histórica que hoje sabemos ser imprecisa), é fundamental entender que o colesteatoma não é um tumor maligno (câncer).

Ele é, na verdade, um cisto de pele que se forma em um local inadequado: dentro do seu ouvido médio e/ou da mastoide (o osso poroso localizado atrás da orelha). Imagine um pequeno saco ou bolsa de pele, cujo revestimento interno é composto por epitélio escamoso queratinizado – o mesmo tipo de tecido que forma a camada mais externa da nossa pele. Essa “pele fora do lugar” continua a fazer o que a pele normalmente faz: descamar.

O problema é que, dentro do ouvido, essa descamação (queratina) não tem para onde sair. Ela vai se acumulando progressivamente dentro do cisto, fazendo com que ele cresça e se expanda. É como se uma pequena “pérola” de pele fosse crescendo lentamente dentro do ouvido.

Como reconhecer os sintomas do colesteatoma?

Os sintomas do colesteatoma podem ser sutis no início, mas tendem a piorar conforme a lesão cresce.

Sintomas mais comuns do colesteatoma

Como o colesteatoma causa danos?

A característica mais preocupante do colesteatoma é sua capacidade de destruir as delicadas estruturas ósseas do ouvido. Esse potencial destrutivo não vem de células cancerosas, mas de uma combinação de fatores:

  1. Pressão Mecânica: O acúmulo constante de queratina (pele descamada) dentro do cisto faz com que ele aumente de volume, exercendo uma pressão contínua sobre o osso ao redor. Com o tempo, essa pressão leva à reabsorção do osso.
  2. Atividade Enzimática: As células da “pele” do colesteatoma e as células inflamatórias que o acompanham liberam substâncias químicas (enzimas e citocinas) que literalmente dissolvem a matriz óssea. É uma destruição ativa, mediada por esses componentes.
  3. Inflamação Crônica e Infecção: A presença de queratina no ouvido médio frequentemente provoca uma inflamação crônica e facilita infecções bacterianas. Essas infecções, por sua vez, intensificam a inflamação e a produção de enzimas destrutivas, acelerando a erosão óssea.

Essa combinação perigosa pode levar à destruição dos ossículos da audição (martelo, bigorna e estribo), do labirinto (responsável pelo equilíbrio), do nervo facial e, em casos mais graves, pode até mesmo expor as estruturas do cérebro.

Congênito vs. Adquirido: entendendo a origem do colesteatoma

Existem basicamente duas formas de colesteatoma, classificadas conforme sua origem:

A tabela abaixo resume as principais diferenças:

Característica Colesteatoma Congênito Colesteatoma Adquirido
Idade Típica Infância (pico aos 4-5 anos) Qualquer idade, mais comum em adultos jovens e meia-idade
Aparência do Tímpano Membrana timpânica intacta e normal Retração, perfuração, secreção, pólipo, granulação
Localização Inicial Comum Ouvido médio (quadrante anterossuperior/posterosuperior) Ático (parte superior do tímpano), parte posterior do tímpano
Histórico de Otites/Cirurgia Ausente Frequentemente presente

 

Por que o colesteatoma aparece? Causas específicas e fatores de risco

Entender as causas e os mecanismos por trás do colesteatoma é crucial, especialmente para a forma adquirida, que é a mais prevalente.

Colesteatoma congênito: O problema desde o nascimento

Como mencionado, o colesteatoma congênito surge de “restos” de células de pele que deveriam ter desaparecido durante o desenvolvimento embrionário, mas persistiram no ouvido médio. Uma vez presentes, essas células começam a se multiplicar e descamar, formando o cisto.

Colesteatoma adquirido: o tipo mais comum e seus mecanismos

A formação do colesteatoma adquirido é mais complexa e geralmente envolve uma disfunção da tuba auditiva e inflamação crônica. A teoria mais aceita para o Colesteatoma Adquirido Primário (CAP), o tipo mais frequente, é a teoria da invaginação ou retração:

  1. Disfunção da Tuba Auditiva (DTA): A tuba auditiva é responsável por manter a pressão do ar igual dos dois lados do tímpano. Se ela não funciona bem (por alergias, sinusites, infecções respiratórias, etc.), a ventilação do ouvido médio fica comprometida.
  2. Pressão Negativa no Ouvido Médio: O ar no ouvido médio é absorvido, e como a tuba não repõe adequadamente, cria-se uma pressão negativa, como um vácuo.
  3. Retração da Membrana Timpânica: A parte mais frágil do tímpano (geralmente a pars flaccida, na região superior, ou a pars tensa posterior) é “sugada” para dentro do ouvido médio, formando uma bolsa de retração.
  4. Acúmulo de Queratina: A pele que reveste o tímpano por fora continua descamando. Dentro dessa bolsa de retração, o mecanismo de autolimpeza falha, e a queratina se acumula.
  5. Expansão e Inflamação: Esse acúmulo, junto com inflamação e infecções, faz a bolsa crescer e começar a erodir o osso.

O Colesteatoma Adquirido Secundário (CAS) pode surgir por outros caminhos:

Fatores que aumentam o risco de desenvolver colesteatoma

Alguns fatores tornam uma pessoa mais suscetível, principalmente ao colesteatoma adquirido:

Sinais de complicações (sintomas incomuns e graves)

À medida que o colesteatoma avança, podem surgir sintomas mais sérios, indicando complicações:

O diagnóstico do colesteatoma

O diagnóstico envolve uma combinação de história clínica, exame físico e exames complementares.

Exame físico: o que o médico vê? (Otoscopia/Microscopia)

A visualização direta do tímpano e do ouvido médio é fundamental. O otorrinolaringologista utilizará um otoscópio ou, idealmente, um microscópio para examinar o ouvido. Achados típicos incluem:

Testes de audição (Audiometria)

A audiometria tonal e vocal quantifica a perda auditiva e determina seu tipo (condutiva, neurossensorial ou mista). A perda condutiva é a mais comum.

Exames de imagem

São cruciais para avaliar a extensão da doença e planejar a cirurgia.

Opções de tratamento para o colesteatoma

O tratamento definitivo do colesteatoma é, na grande maioria dos casos, cirúrgico.

Cirurgia: a principal arma contra o Colesteatoma

Os objetivos principais da cirurgia são:

  1. Erradicação completa da doença: Remover todo o colesteatoma.
  2. Criação de um ouvido seguro e seco: Eliminar a infecção e prevenir complicações.
  3. Preservação ou reconstrução da audição: Quando possível, mas a remoção da doença é sempre a prioridade.

Existem diferentes abordagens cirúrgicas:

Abordagens Microscópicas Tradicionais

Realizadas com microscópio cirúrgico, podem ser:

 

Tratamentos não cirúrgicos do colesteatoma

O tratamento não cirúrgico é limitado e não cura o colesteatoma. Serve como paliativo ou adjuvante:

Prognóstico e acompanhamento: o que esperar?

O sucesso do tratamento depende da extensão da doença, tipo, presença de complicações, técnica cirúrgica e adesão ao acompanhamento. A principal preocupação é a recorrência:

O acompanhamento a longo prazo, por muitos anos, com exames clínicos e, às vezes, ressonancia magnetica, é essencial para detectar qualquer recidiva precocemente.

Avanços e pesquisas no tratamento do colesteatoma

A pesquisa continua ativa, buscando aprimorar o diagnóstico e tratamento:

Conexões com outras condições médicas

O colesteatoma está frequentemente ligado à disfunção da tuba auditiva, que por sua vez pode ser causada por rinite alérgica, sinusite crônica, ou hipertrofia de adenoide. Síndromes craniofaciais também aumentam o risco. Complicações podem exigir a colaboração com neurologistas, neurocirurgiões e radiologistas.

O colesteatoma é uma condição séria, mas com diagnóstico precoce e tratamento adequado, os resultados podem ser muito positivos. A chave é entender que, apesar de benigno histologicamente, seu comportamento é destrutivo e exige uma abordagem completa.

Os avanços, especialmente com a cirurgia endoscópica (TEES), têm oferecido novas perspectivas para uma remoção mais completa da doença de forma menos invasiva em muitos casos. No entanto, a escolha da melhor estratégia cirúrgica é sempre individualizada, discutida entre você e seu otorrinolaringologista.

Lembre-se: a informação é uma ferramenta poderosa. Se você suspeita de um colesteatoma ou foi diagnosticado, procure um especialista. Um acompanhamento cuidadoso e a longo prazo é fundamental para garantir um ouvido saudável e livre de doença

 

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