Dr. Luciano Moreira – OTORRINO – Surdez – Otosclerose – Implante Coclear -Rinoplastia -Rio de Janeiro – Cirurgia de Ouvido, Nariz e Garganta

Os RISCOS do Implante Coclear – Dr. Luciano Moreira – Otorrino – Rio de Janeiro

“Você tem certeza que vai escrever um post pra aterrorizar as pessoas que precisam de um implante coclear?“. Essa foi a frase que ouvi da Paula quando comuniquei a ela o que eu iria escrever sobre os riscos do implante coclear. “Não vou aterrorizar ninguém, fique tranquila!” :)

Riscos são uma parte um pouco chata da vida. Ninguém aposta numa nova empreitada esperando se dar mal com os os riscos, todos queremos os benefícios! Mas não dá pra fugir.

Seja na compra de um imóvel, num investimento, montar um negócio, entrar num novo emprego ou fazer um implante coclearviver é constantemente pesar riscos versus benefícios. Para ler as opiniões e depoimentos de quem tem implante coclear há mais tempo, você pode buscar o Clube dos Surdos Que Ouvem.

O risco de NÃO fazer um implante coclear

Não podemos deixar de analisar os riscos de não fazer um implante coclear.  Suponhamos que você passou por uma avaliação rigorosa com uma equipe multidisciplinar, fez consultas médicas, fonoaudiológicas, pode ter passado por um psicólogo e realizado exames de imagem.

No fim, foi indicado o implante coclear para você.

Nesse cenário, é bem provável que sua vida e suas perspectivas estejam bastante comprometidas pela sua surdez.

 

Convém também pensar sobre os sérios riscos de permanecer na surdez severa ou profunda. Por essa ótica, os riscos de se fazer um implante coclear são apenas possíveis, mas os riscos de não faze-lo já são bem reais!

Por essas e outras reuni aqui possíveis complicações do procedimento do implante coclear e, no final do artigo, as referências de onde eles foram extraídos.

Vídeo: PRÓS E CONTRAS da cirurgia de implante coclear

 

FDA

A U.S Food and Drug Administration é a agência de vigilância sanitária americana. Ela é a correspondente da nossa ANVISA e é considerada uma das referências mundiais na área. O simples fato de ter aprovação do FDA para se vender um produto já pode ser considerado um selo de confiabilidade. Os implantes cocleares multicanais foram aprovados no FDS pela primeira vez em 1985, portanto há mais de 30 anos!

Numa página específica do seu site, a agência enumera os benefícios e riscos do IC. O site é todo e inglês, mas se você preferir clique aqui para ver a tradução automática do Google para o português. As informações são bem completas, embora eles não citem os percentuais de risco.

Riscos do Implante Coclear

Abaixo seguem os riscos envolvidos nos implantes cocleares, segundo as diversas fontes apresentadas nas referências que seguem no fim do texto. Os riscos de complicações foram divididos entre aqueles relacionados à cirurgia e os posteriores à cirurgia. Quando disponível, incluí o risco percentual extraído das referências.

Nesse outro post, você também pode saber mais sobre os riscos da anestesia geral, também usada no implante coclear. Somados, os artigos citados compõem uma base de mais de 23 mil pacientes operados. 

Riscos da Cirurgia de implante coclear

Lesão do Nervo Facial (0,6%)

Talvez a mais temida das complicações para os pacientes e cirurgiões do ouvido. Em pessoas sem mal-formações, sua incidência é muito baixa. No treinamento dos cirurgiões de ouvido essa é um capítulo de especial interesse.

A dissecção de peças anatômicas em laboratórios e a experiência acumulada em outras cirurgias do ouvido são fundamentais para evitar lesão do nervo facial, já que a distância entre ele e a nossa passagem para a cóclea é sub-milimétrica. Ainda assim, a maioria dos pacientes com lesão do nervo, recupera-se nas semanas após o procedimento, com o uso de medicamentos.

Meningite

Existe um consenso de que pacientes usuários de implante coclear possuem um risco maior de desenvolver meningite, especialmente pela bactéria streptococcus pneumoniae (pneumococo). Trata-se de uma complicação rara, mas potencialmente fatal.

Recomendamos um esquema de vacinação anti- pneumococo para todos os implantados, de qualquer idade. Além disso, sinais sugestivos de meningite (febre alta, dores de cabeça, vômitos) devem valorizados nesses casos.

Fístula Liquórica

Liquor é o líquido que ocupa espaços ao redor e em cavidades dentro dos cérebro. Uma abertura cirúrgica pode criar comunicação entre o ouvido e esses espaços, o que chamamos de uma fístula. Elas devem ser tratadas e corrigidas, para se evitar o desenvolvimento de infecções como a meningite.

Fístula Perilinfática

Perilinfa é um dos líquidos dentro da cóclea. Caso o orifício criado para introduzir os eletrodos não fique bem fechado, poderia permanecer uma fístula

Infecção da pele ou do local do implante

Infecção no local da cirurgia pode ocorrer em gravidade variável. Na maioria dos casos são infecções de pele ou do local dos pontos, sendo facilmente resolvida com antibióticos locais ou orais.

Nos casos mais graves a infecção pode atingir o dispositivo, podendo levar a extrusão ou necessidade de remoção do implante. Depois de resolvida a infecção, pode ser indicada mais uma cirurgia para colocar um novo implante.

Hematoma

Acúmulo de sangue no local da cirurgia, podendo precisar de uma drenagem

Tonteira ou desequilíbrio

Uma grande parte dos pacientes apresenta alterações do equilíbrio nas primeiras semanas após a cirurgia, porém em cerca de 3,9% dos pacientes, essas queixas podem ser mais duradouras.

Zumbido no ouvido

A maior causa de zumbido é a perda auditiva e a grande maioria dos pacientes implantados que apresentavam zumbido antes de se operar, referem uma melhora após o implante.

Entretanto, algumas podem se queixar de zumbido alto e forte após a cirurgia, resultado da manipulação das estruturas endo-cocleares. Na maioria das vezes, essa queixa alivia ao longo do tempo e após a ativação do IC.

Alteração do paladar

Dentro do ouvido há um outro nervo, chamado corda do tímpano, que se bifurca do nervo facial. Ele leva fibras nervosas que transmite impulsos do paladar. Em aproximadamente 2,8% dos casos, pode haver um acometimento desse nervo, levando a alterações do paladar. Na maioria das vezes a queixa se resolve em algumas semanas.

Dormência ao redor da orelha

É muito frequente, mas desaparece dentro de algumas semanas.

Otites de Repetição

Aproximadamente 0,8% dos pacientes implantados desenvolveram otites recorrentes após o implante, a maioria delas tratadas clinicamente com antibióticos.

Colesteatoma

É uma das doenças mais tratadas nas cirurgia do ouvido. Eles são mais comuns em pacientes com otites de repetição ou otites crônicas. Entretanto podem aparecer como uma complicação tardia da cirurgia do IC em até 0,5%.

Por isso, os pacientes devem ser acompanhados, pelo menos uma vez por ano, por otorrinolaringologistas, preferencialmente pelo cirurgião responsável.

Falha do Implante

O implante coclear é um dispositivo eletrônico sujeito a falhas. Embora ele venha se tornando cada vez mais confiável, podem acontecer falhas que necessitem sua troca por outro processador em até 3,9% dos casos ao longo do tempo de uso.

Outros Riscos Relacionados ao Uso do Implante Coclear 

Dificuldade para fazer exames de ressonância nuclear magnética (RNM): 

A RNM é um exame de uso crescente e com grande importância em doenças neurológicas, ortopédicas e em casos de tumores. Sua tecnologia magnética usa ímãs muito potentes e que podem arrastar outros ímãs e metais.

A parte interna do IC é dotada de um pequeno ímã para auxiliar na conexão com o processador de fala externo. Assim, dependendo do tipo de RNM e da necessidade, esse ímã pode ter que ser removido para que a pessoa possa ser submetida ao exame.

Essas orientações variam um pouco de acordo com cada fabricante. 

Contra-indicação ao bisturi elétrico do tipo monopolar: 

Assim como no caso do marcapasso cardíaco, usuários de implantes cocleares não devem fazer uso de bisturi elétrico do tipo monopolar. A corrente elétrica desse tipo de cautério pode causar danos permanentes ao implante e as estruturas neurais que estão na interface com o nervo auditivo.

Perda da audição residual:

A maioria de pacientes submetidos à cirurgia do implante coclear atualmente não possui resíduos auditivos úteis. Entretanto, é crescente o número de pacientes implantados que apresentam algum grau de audição residual potencialmente útil, sobretudo nas frequências mais graves.

Embora o avanço da técnica cirúrgica e os eletrodos permitam a preservação desses resíduos em boa parte dos casos, outros pacientes acabam por perder completamente os restos auditivos. Nessas casos a audição passará a se dar exclusivamente através do mecanismo eletrônico do IC.

Não obtenção do resultado auditivo esperado: 

Causa e duração da surdez, idade, outras doenças, qualidade da linguagem oral, leitura labial, dedicação ao processo de reabilitação são todos fatores importantes no resultado final do implante coclear. Entretanto, podemos nos deparar com excelentes resultados em pacientes com pouca expectativa de sucesso, e vice-versa. Infelizmente ainda estamos distantes de poder dar alguma garantia de resultado especifico a cada paciente.

Dependência do uso de baterias: 

Assim como o celular e o computador portátil, o processador externo do implante também necessita recarregar a energia, seja através do uso de pilhas descartáveis ou bateria recarregável.

Dificuldades para fazer upgrades: 

A tecnologia avança e inevitavelmente sã lançados novos modelos de implantes. Quando se trata de novos processadores de fala, novas funcionalidades vão sendo introduzidas em cada modelo novo.

Os processadores lançados não são baratos (entre 30 e 60 mil reais) e em geral são compatíveis com os implantes internos. Entretanto, em grandes intervalos de tempo (15-20 anos), as tecnologias tendem a ser muito diferentes, o que pode criar a impossibilidade de usar os processadores mais novos.

Conclusão

Os resultados obtidos com os implantes cocleares nas últimas décadas o transformaram numa das maiores maravilhas tecnológicas da medicina. Há hoje no mundo mais de 1 milhão de pessoas que fizeram a cirurgia de implante coclear e se tornaram surdos que ouvem. Graças ao ouvido biônico, a grande maioria dessas pessoas teve suas vidas transformadas para melhor.

Entretanto, como em qualquer outro tratamento, há riscos envolvidos. Conhecê-los e entender o real tamanho deles pode ajudar no engajamento consciente dos pacientes e familiares em seu tratamento.

Agora que você já conhece os riscos do implante coclear, entre no Guia Online do IC e conheça mais detalhes sobre os benefícios do implante.

REFERÊNCIAS :

Assista ao vídeo SURDOS QUE OUVEM

 

Veja crianças usando implante coclear

 

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