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Resultados do Implante Coclear

Qual o possível resultado do implante coclear? Sem dúvida esse é o ponto mais importante e o motivo pelo qual alguém busca qualquer tratamento. No campo do IC, isso significa falarmos em expectativas e possibilidades. Para avaliar as possibilidades de bons resultados dos candidatos, devemos dividir os pacientes em grupos para depois enxergá-lo como único.

Do ponte de vista prático, listamos abaixo alguns resultados possíveis do uso do implante coclear em nível crescente de sucesso. Podemos simplificar bastante, dizendo que os melhores resultados são aqueles que os pacientes atingem o nível 5 ou 6 da escala que segue. Infelizmente, isso não é a realidade para todos.

ESCALA DE DESEMPENHO PÓS IMPLANTE COCLEAR

  1. Capacidade de perceber sons do ambiente
  2. Melhora da compreensão da fala com leitura labial
  3. Compreensão da fala sem leitura labial
  4. Melhora da percepção e da qualidade da própria voz
  5. Capacidade de conversar ao telefone
  6. Prazer em ouvir música

Em crianças implantadas bem cedo até o primeiro ou segundo ano de vida, podemos ter um desenvolvimento da linguagem semelhante ao das crianças que ouvem.

A possibilidade de bons resultados e de se atingir níveis mais avançados de uso do IC segundo a escala acima estão ligados a cada um dos fatores abaixo:

  • Idade (em crianças): Nosso cérebro e seu funcionamento amadurecem e se transformam durante a vida. Assim como aprender uma língua estrangeira é mais fácil para uma criança do que o adulto, a reabilitação auditiva pelo implante coclear tende a ser melhor nas crianças quanto mais novas elas são;
  • Tempo de surdez: Também chamamos de “tempo de privação auditiva”. É o tempo em que a pessoa passou sem ouvir. Assim, nas perdas congênitas esse tempo vai do nascimento até o momento da ativação do IC. Nos quadros adquiridos de surdez, ele se estende desde quando se instalou a surdez profunda até o IC. Quanto menor esse período, mais as vias auditivas cerebrais estarão aptas a receber o estímulo auditivo do IC e transformá-lo em informações úteis;
  • Origem da surdez: Algumas causas de surdez podem fazer com que os resultados do IC tendam a ser melhores ou piores do que a média. Assim, sabemos que nos casos de surdez por sequela de meningite, em que pode haver uma ossificação parcial ou total da cóclea, os resultados tendem a ser piores. De forma oposta, pacientes acometidos por surdez autoimune de rápida evolução e alguns tipos específicos surdez genética costumam apresentar resultados superiores à média;
  • Boa linguagem oral: O IC é uma ferramenta que auxilia os estímulos sonoros a alcançarem as regiões cerebrais responsáveis pela audição, linguagem e fala. Assim, para que essa ferramenta seja útil, é necessário um código linguístico oral estabelecido. Pacientes que aprenderam a falar e se comunicar pela linguagem oral, chamados de surdos oralizados, tendem a extrair uma utilidade muito maior do IC do que aqueles que não a possuem essa capacidade ou ainda precisam desenvolvê-la;
  • Leitura labial: Quase todas as pessoas fazem uso em certa medida da leitura labial, mesmo sem perceber. Entretanto essa habilidade tende a se desenvolver e ser mais importante à medida em que se avança na gravidade da perda auditiva. Pacientes com boa capacidade de leitura labial têm mais elementos para somar ao estímulo auditivo, o que costuma lhes conferir uma maior capacidade global de comunicação após o IC.
  • Dedicação pessoal e familiar à reabilitação: A cirurgia do IC é apenas um começo de uma nova etapa. Cerca de um mês após o implante o processador (aparelho externo do IC) é acoplado e o IC é ativado. Assim como o pincel é a ferramenta de um pintor, o IC é a ferramenta do paciente. A capacidade de transformar pincel, tinta e papel em algo bonito depende da dedicação e habilidade de quem manipula essas ferramentas. O mesmo acontece com o IC, que para ser transformado numa ferramenta plena de comunicação, necessita do trabalho árduo do paciente com amparo da família e da equipe de fonoaudiologia.