A perda auditiva pode ser silenciosa em sua chegada, mas suas consequências são profundas e impactam diretamente a qualidade de vida dos pacientes. Como médico otorrino que dedica boa parte do seu tempo à surdez, sempre reforço para meus pacientes que entender a origem e a natureza da sua perda auditiva é o primeiro passo fundamental para qualquer tratamento eficaz. O diagnóstico correto da perda auditiva é essencial (na semana passada falei sobre o problema crônico das audiometrias erradas que infelizmente recebo no meu consultório com frequência) uma vez que cada tipo de perda auditiva – seja ela condutiva, sensorioneural ou mista – requer abordagens terapêuticas diferentes.
Muitas vezes, a perda auditiva é tratada de forma simplista, com a ideia de que qualquer solução auditiva, como um aparelho auditivo, resolverá o problema. No entanto, sem uma avaliação detalhada, corremos o risco de mascarar os sintomas sem abordar as causas subjacentes. É como tentar reparar um motor de carro sem antes descobrir qual peça está com defeito. Cada orelha, cada caso, cada história clínica conta uma jornada única, e o papel do médico é entender essa jornada para personalizar o tratamento.
A condução de exames específicos – como a audiometria, a timpanometria e exames de imagem – nos permite identificar a localização exata do problema, seja no canal auditivo, nos ossículos do ouvido médio ou nas células sensoriais da cóclea. Uma infecção tratável, um trauma, o envelhecimento natural ou mesmo uma predisposição genética podem ser os fatores envolvidos. E sem um diagnóstico preciso, esses fatores podem ser negligenciados, resultando em uma deterioração progressiva da capacidade auditiva.
Outra questão que ressalto é que a perda auditiva não afeta apenas os sons ao nosso redor. Ela interfere na forma como nos conectamos com o mundo, com as pessoas que amamos e com as atividades que nos trazem alegria. Um diagnóstico precoce de surdez e preciso é a chave para evitar esse isolamento progressivo, permitindo a escolha do tratamento mais adequado e eficaz, seja ele medicamentoso, cirúrgico ou reabilitador.
Portanto, ao sentir os primeiros sinais de perda auditiva – seja a dificuldade de entender uma conversa em um ambiente ruidoso, um zumbido no ouvido persistente ou a sensação de abafamento – procure um especialista. Não se trata apenas de recuperar ou reabilitar a audição, mas de resgatar a qualidade de vida, a conexão social e o bem-estar emocional. O diagnóstico correto é o ponto de partida para essa jornada.
Os tipos de perda auditiva e seus tratamentos em 2025
O termo “perda auditiva” abrange muitas condições diferentes. Embora o resultado final seja a dificuldade de ouvir, a causa raiz pode variar bastante.
1. Perda Auditiva Condutiva
A perda auditiva condutiva é causada por algo que impede os sons de passar pelo ouvido externo ou médio, afetando o canal auditivo, o tímpano ou o ouvido médio (composto pelos ossículos: martelo, bigorna e estribo). Exemplos de causas de perda auditiva condutiva incluem:
- Malformação do ouvido externo, canal auditivo ou estruturas do ouvido médio
- Fluido no ouvido médio devido a um resfriado
- Infecção no ouvido (otite média)
- Alergias
- Tímpano perfurado
- Tumores benignos
- Otosclerose
- Cera de ouvido impactada
- Objeto estranho no ouvido
Como a perda auditiva condutiva é tratada?
Dependendo da causa, existem várias formas de tratar a perda auditiva condutiva, incluindo:
- Medicamentos antibióticos ou antifúngicos para infecções ou acúmulo de fluido no ouvido médio
- Cirurgia para correção de malformações ou disfunção do ouvido médio
- Carretel (tubinho de ventilação) para drenar o fluido
- Aparelhos auditivos convencionais ou de condução óssea, ou dispositivos implantáveis, dependendo da saúde do nervo auditivo
2. Perda Auditiva Neurosensorial
A perda auditiva sensorioneural ocorre quando há um problema no funcionamento do ouvido interno ou do nervo auditivo. Exemplos de causas de perda auditiva neurosensorial incluem:
- Exposição a ruídos altos
- Envelhecimento (presbiacusia)
- Traumatismo craniano
- Doenças virais ou autoimunes
- Hereditariedade
Como a perda auditiva neurosensorial é tratada?
As opções de tratamento variam de acordo com a causa, podendo incluir:
- Corticosteroides
- Cirurgia emergencial para traumatismo craniano
- Aparelhos auditivos
- Implantes cocleares
3. Perda Auditiva Mista
A perda auditiva mista combina a condutiva com a neurosensorial. Diferentes causas podem estar presentes simultaneamente, como uma doença no ouvido médio associada à idade ou à perda auditiva induzida por ruído.
Como a perda auditiva mista é tratada?
Profissionais de saúde auditiva geralmente tratam primeiro a parte condutiva da perda. Em alguns casos, isso pode melhorar a resposta aos aparelhos auditivos.
4. Neuropatia Auditiva
A neuropatia auditiva ocorre quando o som entra no ouvido normalmente, mas devido a danos no ouvido interno ou no nervo auditivo, o som não é processado adequadamente pelo cérebro. Isso pode dificultar muito a compreensão da fala humana.
Como a neuropatia auditiva é tratada?
Os tratamentos variam com a gravidade da perda auditiva e podem incluir dispositivos de amplificação sonora ou implantes cocleares, juntamente com treinamento auditivo e de fala.
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