Afinal, o que é Respirar Bem? Essa pode parecer uma pergunta fácil, mas na prática nem sempre ela é. O termômetro pode aferir com precisão nossa temperatura. Podemos medir facilmente a pressão arterial, a frequência cardíaca e mesmo a respiratória, mas não existe uma maneira simples e definitiva para medir a qualidade da respiração.
Há alguns testes antigos como o espelho de Glatzel (foto) e outros mais sofisticados como a rinomanometria computadorizada, mas ambos são apenas uma maneira de enxergar a restrição respiratória.
Enquanto muitas pessoas vivem incomodadas com a forma que respiram e procuram ajuda em nossos consultórios, outras nem desconfiam que têm um sério problema. Alguns levam sua vida a respirar pela boca, com o nariz cronicamente obstruído por alergias, alterações infecciosas, inflamatórias e deformidades anatômicas.
Quando o problema se instala aos poucos, essa respiração bucal pode gradualmente passar a ser considerada “normal”. É por isso que atendemos com frequência pacientes que simplesmente não respiram pelo nariz, mas vieram nos procurar por outras questões, seja uma perda auditiva ou uma dor na garganta. Apenas quando questionados sobre a qualidade de sua respiração que começam a ser dar conta do problema…
O oxigênio nosso de cada segundo
A respiração nos proporciona acesso a um dos nossos “alimentos” fundamentais: o oxigênio. Embora o nitrogênio represente quase 80% da composição do ar que respiramos, são os 20% de oxigênio que mais interessam ao bom funcionamento das nossas células. Sem ele, não poderiam haver as reações fisiológicas que transformam gorduras e açucares em energia, num fenômeno conhecido como respiração celular.
Para o oxigênio chegar lá nas células, precisamos puxar o ar ambiente até nossos pulmões através da inspiração. É no ambiente pulmonar que, dentro dos alvéolos, o oxigênio é trocado pelo gás carbônico, produzido pela respiração. Após essa troca (oxigênio por dióxido de carbono), o ar é expelido dos pulmões de volta à atmosfera pela expiração, completando o ciclo respiratório que se repete em média 15 vezes a cada minuto em adultos, ou 21.600 vezes por dia! Na maior parte do tempo, principalmente durante todo o sono, a respiração acontece de maneira automática e inconsciente.
Entretanto precisamos assumi-la de forma consciente para alguns atos fisiológicos importantes como falar (e cantar), praticar esportes, espirrar, bocejar, gargalhar ou tocar um instrumento de sopro. Algumas técnicas de meditação, como a Yoga, também baseiam-se no controle voluntário da respiração.
O abre-alas
Para que o oxigênio possa iniciar seu caminho rumo aos pulmões e à respiração celular, o ar ambiente precisa primeiro passar pelo nariz. Localizada bem no meio do nosso rosto, a pirâmide nasal e suas narinas são os portões de entrada dessa jornada. Mais do que isso, no interior das fossas nasais o ar ambiente é temperado (aquecido ou resfriado), umidificado e parcialmente filtrado, através de um eficiente sistema de limpeza e drenagem, que conta com a participação de células ciliadas e produtoras de muco.
Os cílios celulares funcionam como uma “esteira rolante” capazes de carregar para longe as partículas, vírus e bactérias retidos, enquanto anticorpos presentes no muco começam a atacá-los e destruí-los. Graças a esse papel protetor o nariz é conhecido como o guardião do pulmão.
Respirar pela Boca
A obstrução nasal crônica leva a um quadro já bastante conhecido dos médicos, dentistas e fonoaudiólogos: a respiração bucal. O fluxo aéreo nasal é fundamental para o desenvolvimento da anatomia facial. Quando se estabelece um nariz cronicamente obstruído, o fluxo aéreo nasal passa a gerar uma série de deformidades, especialmente nas crianças: face afilada, lábio superior curto sem fechamento da boca, má-oclusão dentária, palato (céu da boca) alto e profundo que reduz o tamanho da cavidade nasal.
Algumas dessas deformidades são irreversíveis e afetarão a qualidade respiratória pelo resto da vida. O combate a respiração bucal deve ser intensivo e o quanto antes.
Outros Sinais
Embora grande parte das pessoas que não respiram bem pelo nariz tenham consciência disso, alguns sinais secundários podem ajudar a suspeitar de um problema respiratório nasal.
Desconforto na respiração
Muitas pessoas relatam uma respiração “ruim”, mas sem saber explicar bem como e porquê. Embora a respiração também aconteça de modo consciente, não se espera que ela seja desconfortável. Quando se tem que direcionar atenção repetidamente para a respiração ou para a obstrução nasal, é melhor ir ver o que está acontecendo. Costumamos dizer que “nariz bom é aquele que a gente nem lembra que tem“.
Roncos à noite
Roncar com frequência não pode ser considerado normal. O ruído respiratório que gera o ronco é um sinal claro de que alguma coisa está obstruído o fluxo de ar e impedindo a boa respiração durante o sono. Esse fenômeno com frequência leva à apneia do sono, doença que pode ser tornar grave e fatal.
Pouco fôlego para exercícios físicos
Quando estamos quietos ou em repouso, nossa demanda por oxigênio é baixa. Ao colocar o corpo em movimento, especialmente em atividades aeróbicas, nossas células musculares aumentam muito sua demanda por energia e pelo oxigênio necessário para cria-la na respiração celular. Como consequência, precisamos de mais “ar” entrando pelo nariz. Nessa situação, é comum que pessoas que já tenham se acostumado com uma respiração deficiente em repouso percebam mais claramente sua restrição, cansando-se mais rapidamente do que o normal. Trata-se de uma queixa frequente nos portadores de desvios do septo nasal.
Diminuição do olfato e do paladar
O olfato é resultado da recepção das partículas químicas por receptores das células olfativas, presentes no teto da cavidade nasal. Quando o fluxo de ar pelo nariz é bloqueado em alguma medida, esses receptores param de receber os sinais químicos necessários para sua detecção. A diminuição do olfato, e consequentemente do paladar, é vista com frequência em casos de polipose nasal.
Secreção nasal constante
O passagem de ar pela cavidade nasal, além de proporcionar uma respiração confortável e o desenvolvimento correto da anatomia facial, também ajuda a mantê-lo “seco”. Narizes entupidos também costumam ser produtores de catarro, uma vez que o inchaço interno de sua superfície mucosa aumenta a produção de muco e se torna um meio de cultura para bactérias, tornando frequentes quadros de Rinites e sinusites.
O QUE FAZER?
Procure um otorrinolaringologista para fazer uma avaliação.
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