A respiração é um processo involuntário, contínuo e na maioria das vezes confortável. Sem que nos demos conta, o ciclo respiratório começa pela ação de músculos presentes na caixa torácica e abdome e cuja ação leva a uma expansão dos pulmões. Essa expansão “puxa” o ar para dentro, desde sua entrada nas narinas, seguindo abaixo o rumo da via aérea através da faringe, laringe e traqueia. Quando esse fluxo ocorre sem problemas, ele não gera desconforto, nem gera ruídos. Assim, o ronco noturno é um sinal que algo está obstruindo parcialmente a passagem do ar. A medida que essa obstrução se agrava, podem haver momentos em que ela se torna completa, resultando na interrupção de passagem de ar por alguns segundos (às vezes até um minuto!) gerando um episódio de apneia. Identificamos a doença apneia do sono quando essas interrupções no fluxo aéreo se repetem muitas vezes a noite, gerando apneias de mais de 10 segundos de duração, numa frequência superior a 5 episódios por hora.
Sem dúvida o ronco norturno alto e frequente é o principal sintoma da apneia do sono. entretanto existem outros sintomas menos evidentes, mas que podem chamar atenção: São eles
Nos Adultos:
Nas Crianças:
Existe uma forte relação entre a obesidade e a apneia do sono, especialmente quando há acúmulo de gordura no abdome e no pescoço. Estudos por imagem demonstraram que nos obesos existe um acúmulo anormal de gordura infiltrando as vizinhanças da garganta, levando a um estreitamento da via aérea neste nível. Especula-se que SAHOS também pode ser causa da obesidade uma vez que a sonolência e o cansaço excessivo levariam ao sedentarismo, inibindo a queima de calorias.
O tabagismo pode aumentar em até 40 vezes o risco de apneia. Alguns estudos mostram uma incidência de até 50% em usuários de bebidas alcoólicas.
Episódios de refluxo durante o sono pode levar ao espasmo (fechamento) das pregas vocais durante a noite além de edema da via aérea, agravando ou causando a apneia.
A cada episódio de apneia durante o sono, interrompe-se a a chegada de ar aos pulmões. Sem oxigênio suficiente para ser transportado à corrente sanguínea, as taxas de oxigenação sanguínea caem e os receptores que monitoram essa saturação de oxigênio disparam alarmes. Diante dessa emergência, a pressão arterial sobe e o coração acelera para tentar compensar a diminuição na disponibilidade de oxigênio. Quando se atinge um nível baixo demais de oxigênio disponível, o cérebro dá um comando para que o sono seja mais superficial, para que a pessoa possa contrair melhor os músculos da garganta que estão exageradamente relaxados e gerando a obstrução. O fluxo aéreo volta e, quando tudo se normaliza, o sono vai se aprofundando novamente e o ronco recomeça, até um novo episódio de apneia. dependendo da gravidade, isso pode se repetir dezenas ou centenas de vezes numa noite e a saúde começa a ser afetada aos poucos. Abaixo, enumero algumas das consequências mais conhecidas da apneia do sono.
Além destas, já se everificou que a apneia do sono pode causar também hipertensão pulmonar, insuficiência renal, hipotiroidismo, doença hepática, epilepsia, dores de cabeça, irregularidade menstrual, complicações durante a gravidez, doenças oftalmológicas e mais recentemente, perda auditiva.
Alguns estudos clínicos mostraram que a sonolência causada pela apneia obstrutiva do sono em crianças diminui o desempenho mental e aumenta os problemas no aprendizado, além da forte relação com o deficit de atenção por hiperatividade.
Já adultos e idosos podem ter risco aumentado de depressão. Outro experimento revelou a incidência de sintomas depressivos em 32% dos paciente com vitimas da apneia.
Frente a suspeita de uma doença obstrutiva do sono o primeiro passo deve ser uma consulta com um especialista familiarizado com o assunto. A escala de Epworth, pode ser usada para avaliar o grau de sonolência. Após a entrevista direcionada e o exame clínico, deverão ser realizados exames endoscópicos, tomografia computadorizada e a polissonografia, Esse último, conhecido como exame do sono, é fundamental para o diagnóstico e avaliação da gravidade do quadro.
O tratamento da da apneia normalmente envolve mudanças no estilo de vida, medicamentos, uso de aparelhos orais, do CPAP ou mais raramente, cirurgias.
Mudanças no estilo de vida:O uso de medicamentos é normalmente indicado para tratar aquelas condições que podem predispor ou agravar a apneia, como a diabete, o refluxo e a rinite alérgica. Ainda não dispomos de medicamentos específicos para controle ou cura da apneia do sono.
Vale lembrar que sedativos e soníferos podem agravar o ronco e a obstrução respiratória, uma vez que diminuem o tônus muscular e propiciam uma maior obstrução da via aérea.
O tratamento da apneia depende da gravidade da mesma. Nos casos mais graves e em que outras formas de tratamento não resolvem, pode estar indicado o uso do CPAP (continous positive airflow pressure, em inglês). Trata-se do mais efetivo meio de tratamento e compõe-se de uma aparelho que através de uma máscara adaptável, mantém uma pressão ventilatória. O dispositivo é normalmente posicionado na mesa de cabeceira e através de um tubo conecta-se a uma máscara que adapta-se ao nariz.
O uso do CPAP requer adaptação e paciência pois o aparelho pode causar um incômodo no início além de ser necessários ajustes periódicos no aparelho.
Em casos de apneia leve ou moderada pode-se lançar mão de aparelhos feitos por ortodondistas que posicionam a mandíbula mais a frente, diminuindo a obstrução e melhorando o sono.
Muitos procedimentos cirúrgico têm sido desenvolvidos na tentativa de se tratar a apneia embora os resultados a longo prazo ainda sejam incertos.
A cirurgia mais conhecida e difundida é a uvulopalatofaringoplastia que consiste na remodelação da palato e da úvula com remoção das amígdalas. Embora este procedimento possa ter um bom resultado no tratamento do ronco, sua eficácia sobre a apneia é duvidosa e dependente de cada caso. Recentemente, procedimentos cirúrgicos de maior porte, como o avanço maxilomandiular têm mostrado resultados promissores. Em alguns casos, pode haver indicação de uma cirurgia nasal como a septoplastia, com o intuito de melhorar o ronco e facilitar uma eventual adaptação ao CPAP.
Nas crianças, a remoção das amígdalas e adenoides tem excelente resultado na cura da apneia do sono num grande número dos casos.
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