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PARALISIA Facial: Urgência Médica – Dr. Luciano Moreira Otorrino

Paralisia Facial é o termo usado quando há a diminuição ou parada nos movimentos de um dos lados da face, gerando um aspecto estético distorcido.

A PARALISIA DE BELL: O TIPO MAIS COMUM DE PARALISIA FACIAL

O tipo mais comum é a Paralisia de Bell. Nessa doença, os sintomas surgem em decorrência da inflamação e inchaço do nervo facial, também conhecido como VII par de nervos cranianos.

O nervo facial se conecta diretamente ao cérebro (tronco cerebral) e na sua porção mais interna, corre num canal junto aos nervos responsáveis pela audição e pelo equilíbrio. No seu caminho em direção aos músculos da face, passa dentro do ouvido, por trás do tímpano, em íntima relação com estruturas da audição.

Daí vem o fato das afecções que o acometem serem normalmente investigadas e tratadas por otorrinolaringologistas, além de neurologistas. Além de ser responsável de levar os estímulos nervosos para a movimentação dos músculos da face, ele ainda ajuda a controlar as glândulas salivares, o lacrimejamento e parte do paladar.

Embora a paralisia facial também possa ser causada por tumores, traumas decorrentes de acidentes ou cirurgias e infecções como a doença de Lyme, o tipo mais comum é a paralisia de Bell. 

Nesta, o nervo facial é acometido por um processo inflamatório de origem desconhecida e tende a se inchar. Como encontra-se dentro de um canal ósseo rígido, o inchaço do nervo faz com que o mesmo fique espremido e sufocado, parando de receber o sangue e o oxigênio necessários para seu bom funcionamento. Assim, os estímulos nervosos não conseguem transitar e chegar aos músculos face, que se tornam progressivamente paralisados e flácidos.

Alguns estudos sugerem que a inflamação do nervo na paralisia de Bell poderia ser causada por infecções virais ou por fenômenos autoimunes mas nenhuma das hipóteses foi comprovada. Grávidas, hipertensos, diabéticos e obesos têm um risco maior de desenvolver a paralisia de Bell.

DIAGNÓSTICO DA PARALISIA FACIAL

Diante do quadro de paralisia de músculos de metade da face, alguns atos corriqueiros como beber água, soprar, sorrir e piscar os olhos ficam dificultados.

Um quadro sugestivo de paralisia facial deve ser avaliado com urgência, pois o tratamento a tempo pode evitar o estabelecimento de danos definitivos ao nervo com prejuízo permanente da mobilidade facial.

Numa primeira consulta, o médico buscará sinais que afastem a chance de uma paralisia de origem central (neurológica) como tumores ou acidentes vasculares cerebrais. Estando estabelecido que se trata de uma paralisia periférica (do nervo) é feita em seguida uma gradação que classifica a gravidade da lesão e a consequente chance de cura ou recuperação completa. Enquanto paralisias moderadas ou parciais se recuperam completamente em cerca 95% das vezes, paralisias totais podem deixar sequelas em até 30% dos pacientes.

Exames de imagem podem ser solicitados para descartar lesões tumorais ou vasculares do nervo e do cérebro. Exames de sangue podem afastar a chance de infecções como causa.

Uma audiometria é sempre solicitada para avaliar o funcionamento do nervo auditivo, já que o mesmo corre junto ao nervo facial em parte do seu trajeto dentro do ouvido. Existem testes específicos para avaliar o grau de lesão e condução elétrica do nervo. Esses podem ser úteis no acompanhamento da recuperação da paralisia, que pode levar 6 meses ou mais, nos casos mais graves.

TRATAMENTO DA PARALISIA FACIAL

Sendo a paralisia facial de Bell de origem desconhecida, alguns tratamentos são indicados de forma empírica. É importante ressaltar que as medicações devem ser iniciadas em no máximo 72 horas após o inicio do quadro, o que confere a paralisa de Bell o status de urgência médica.

A modalidade mais aceita é o uso de corticoides orais com o objetivo anti-inflamatório. Com frequência associamos medicações antivirais mas o benefício real desta medida não está bem demonstrado (referência).

Modalidades alternativas de tratamento da paralisia facial,  como fisioterapia, terapia hiperbárica, acupuntura e estimulação elétrica do nervo são eventualmente utilizados mas os resultados positivos dos mesmos não estão bem documentados.

Um dos cuidados mais importantes a serem tomados é com o olho no lado paralisado.

Com a doença, os músculos que fecham a pálpebra também são acometidos, prejudicando a proteção e lubrificação da superfície corneana. Assim, o uso de colírios lubrificantes e técnicas de oclusão do olho durante o sono são aplicadas e devem ser seguidas a risca para se evitar complicações graves.

 

Referência:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24189771

Otolaryngol Head Neck Surg. 2013 Nov;149(3 Suppl):S1-27. doi: 10.1177/0194599813505967.

Clinical practice guideline: Bell’s palsy.

 

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Dr. Luciano Moreira otorrino

Dr. Luciano Moreira – CRM-RJ 65192-3

Médico Otorrinolaringologista especializado em cirurgias da audição

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