Paralisia Facial é o termo usado quando há a diminuição ou parada nos movimentos de um dos lados da face, gerando um aspecto estético distorcido.
A PARALISIA DE BELL: O TIPO MAIS COMUM DE PARALISIA FACIAL
O tipo mais comum é a Paralisia de Bell. Nessa doença, os sintomas surgem em decorrência da inflamação e inchaço do nervo facial, também conhecido como VII par de nervos cranianos.
O nervo facial se conecta diretamente ao cérebro (tronco cerebral) e na sua porção mais interna, corre num canal junto aos nervos responsáveis pela audição e pelo equilíbrio. No seu caminho em direção aos músculos da face, passa dentro do ouvido, por trás do tímpano, em íntima relação com estruturas da audição.
Daí vem o fato das afecções que o acometem serem normalmente investigadas e tratadas por otorrinolaringologistas, além de neurologistas. Além de ser responsável de levar os estímulos nervosos para a movimentação dos músculos da face, ele ainda ajuda a controlar as glândulas salivares, o lacrimejamento e parte do paladar.
Embora a paralisia facial também possa ser causada por tumores, traumas decorrentes de acidentes ou cirurgias e infecções como a doença de Lyme, o tipo mais comum é a paralisia de Bell.
Nesta, o nervo facial é acometido por um processo inflamatório de origem desconhecida e tende a se inchar. Como encontra-se dentro de um canal ósseo rígido, o inchaço do nervo faz com que o mesmo fique espremido e sufocado, parando de receber o sangue e o oxigênio necessários para seu bom funcionamento. Assim, os estímulos nervosos não conseguem transitar e chegar aos músculos face, que se tornam progressivamente paralisados e flácidos.
Alguns estudos sugerem que a inflamação do nervo na paralisia de Bell poderia ser causada por infecções virais ou por fenômenos autoimunes mas nenhuma das hipóteses foi comprovada. Grávidas, hipertensos, diabéticos e obesos têm um risco maior de desenvolver a paralisia de Bell.
DIAGNÓSTICO DA PARALISIA FACIAL
Diante do quadro de paralisia de músculos de metade da face, alguns atos corriqueiros como beber água, soprar, sorrir e piscar os olhos ficam dificultados.
Um quadro sugestivo de paralisia facial deve ser avaliado com urgência, pois o tratamento a tempo pode evitar o estabelecimento de danos definitivos ao nervo com prejuízo permanente da mobilidade facial.
Numa primeira consulta, o médico buscará sinais que afastem a chance de uma paralisia de origem central (neurológica) como tumores ou acidentes vasculares cerebrais. Estando estabelecido que se trata de uma paralisia periférica (do nervo) é feita em seguida uma gradação que classifica a gravidade da lesão e a consequente chance de cura ou recuperação completa. Enquanto paralisias moderadas ou parciais se recuperam completamente em cerca 95% das vezes, paralisias totais podem deixar sequelas em até 30% dos pacientes.
Exames de imagem podem ser solicitados para descartar lesões tumorais ou vasculares do nervo e do cérebro. Exames de sangue podem afastar a chance de infecções como causa.
Uma audiometria é sempre solicitada para avaliar o funcionamento do nervo auditivo, já que o mesmo corre junto ao nervo facial em parte do seu trajeto dentro do ouvido. Existem testes específicos para avaliar o grau de lesão e condução elétrica do nervo. Esses podem ser úteis no acompanhamento da recuperação da paralisia, que pode levar 6 meses ou mais, nos casos mais graves.
TRATAMENTO DA PARALISIA FACIAL
Sendo a paralisia facial de Bell de origem desconhecida, alguns tratamentos são indicados de forma empírica. É importante ressaltar que as medicações devem ser iniciadas em no máximo 72 horas após o inicio do quadro, o que confere a paralisa de Bell o status de urgência médica.
A modalidade mais aceita é o uso de corticoides orais com o objetivo anti-inflamatório. Com frequência associamos medicações antivirais mas o benefício real desta medida não está bem demonstrado (referência).
Modalidades alternativas de tratamento da paralisia facial, como fisioterapia, terapia hiperbárica, acupuntura e estimulação elétrica do nervo são eventualmente utilizados mas os resultados positivos dos mesmos não estão bem documentados.
Um dos cuidados mais importantes a serem tomados é com o olho no lado paralisado.
Com a doença, os músculos que fecham a pálpebra também são acometidos, prejudicando a proteção e lubrificação da superfície corneana. Assim, o uso de colírios lubrificantes e técnicas de oclusão do olho durante o sono são aplicadas e devem ser seguidas a risca para se evitar complicações graves.
Referência:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24189771
Otolaryngol Head Neck Surg. 2013 Nov;149(3 Suppl):S1-27. doi: 10.1177/0194599813505967.
Clinical practice guideline: Bell’s palsy.
3 comments
Gosto de ler seus artigos Dr. Luciano, são realmente de grande valia….
Obrigado, Eliane. Tento divulgar algo que faça diferença pra que precisa. Abraço
Li seu artigo sobre paralisia facial de bell e fiquei bem satisfeita com as explicações, pois passei exatamente por tudo que VC falou, gracas a Deus e a VC já estou recuperada, obrigada e um grande abraço.